quinta-feira, 25 de abril de 2019

LEITURAS HETERODOXAS

COGNIÇÃO

Taji, W. (2018). The dangers of ignoring cognitive inequality. Quillette, 25 de Agosto.


EDUCAÇÃO

Buchweitz, A. (2019). Aprender a ler não é natural como engatinhar e andar. Zero Hora, 18 de Abril.

Rachewsky, R. (2019). A maior revolução liberal no Governo Bolsonara virá da Secretaria de Alfabetização do MEC. Instituto Liberal, 5 de Janeiro.




GENÉTICA

Cochran, G. (2018). Forget about nature versus nurture. Nature has won. Quillete, 25 de Setembro.

Haier, R. (2018). Every schoolchild should read this book. Quillette, 20 de Dezembro.

Plomin, R. (2018). What does genetics tell us about equal opportunity and meritocracy? Quillette, Quillette, 15 de Outubro.

Taji, W. (2018). The dangers of ignoring cognitive inequality. Quillette, 25 de Agosto.

Young, T. (2018). Progressive creationism: a review of "A Dangerous Idea", Quillete, 11 de Dezembro.




HISTERIA E HIPOCRISIA

Coutinho, J. P. (2019). A liberdade de Camille Paglia. Muitos estudantes não agüentam a exuberância do pensamento livre.  Folha de São Paulo, 23 de Abril.

Nauding, P. (2019). Self-harm versus the greater-good: Greta Thunberg and child activism. Quillete, 23 de Abril.



sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

DIREITOS HUMANOS: Porque precisamos apoiar a Reverenda

Nasci bem antes do Milênio, mas não resisto à tentação de subjetivizar todo e qualquer assunto. Se quero, p. ex., conversar sobre direitos humanos (DH), nada mais natural do que começar explicitando meu envolvimento e meus sentimentos em relação aos DH.

Meu envolvimento maior com os DH aconteceu quando um maluco, professor afastado por incapacidade mental em uma universidade federal remota, resolveu implicar com meu projeto de pesquisa sobre discalculia. O cara me atazanou por anos. Eu acordava de madrugada e abria minha caixa de email apenas para ler mensagens de amigos dos quatro cantos do mundo, que se revelavam preocupados com um dossiê que o sujeito ficava espalhando a meu respeito.

A impressão que dava é que o tal sujeito não conseguiea dormir e varava a noite disparando o dossiê para pessoas dos cinco continentes. Muitas das quais me conheciam e me escreviam preocupadas. No dossiê o cara contava, entre outras sandices, que dois vampiros gaúchos, uma professora e um professor, estavam tirando sangue das criancinhas mineiras que não conseguiam aprender matemática.

O sujeito era requintado. O seu ponto alto foi me acusar de racismo. O cara foi lá e fez uma representação contra mim por racismo na SEPPIR (Secretaria Especial de Promoção das Políticas de Igualdade Racial), ligada ao Ministério dos Direitos Humanos. A partir dessa representação foram instaurados processos contra mim em três instâncias: Ministério Público Federal, Secretaria Estadual de Educação e Secretaria Municipal da Educação.

As secretarias de educação levaram o caso à Reitoria da UFMG e eu precisei ir lá me explicar. Olhando assim, retrospectivamente, a coisa até chega a ser engraçada. Mas na época não foi. Eu só me livrei de complicações maiores porque tinha aprovado o projeto no Comitê de Ética  em Pesquisa (COEP-UFMG). Ou seja, todos os procedimentos da pesquisa foram revisados e autorizados por um comitê de peritos em ética e representantes da comunidade em pesquisa com seres humanos.

É interessante como as coisas funcionam no Brasil. Lá no COEP, eles não achavam o meu projeto de jeito nenhum. Diziam que o projeto não tinha passado por lá. Daí, eu levei o parecer assinado pela presidente do negócio e eles tiveram que localizar o projeto rapidinho. (Fica o aviso para os pesquisadores mais jovens: Guardem direitinho todos os seus documentos. As instâncias burocráticas brasileiras sempre podem extraviar algum documento importante.)

O Ministério Público Federal, por sua vez, me mandou uma intimação a prestar esclarecimentos. Pedi ajuda a um advogado e fui lá. Entreguei toda a papelada, incluindo o dossiê do cara, e conversei com a assessora de um procurador.

Expliquei pra dona que eu não estava fazendo nada de errado. Que eu estava apenas cumprindo a função precípua para a qual sou pago: ensinar e fazer pesquisa. Que a minha pesquisa tinha sido aprovada em todas as instâncias burocráticas, incluindo o COEP. Que minha pesquisa estava sendo implementada no âmbito de um acordo internacional de cooperação científica, sendo financiada pelos pagadores de impostos brasileiros e alemães.

Expliquei também o caso de stalking do qual eu era vítima. Expliquei para a dona que eu sou um funcionário público e que a campanha difamatória do sujeito estava prejudicando o meu exercício funcional. Perguntei para ela, que medidas o Ministério Público, se achasse conveniente, poderia tomar contra o perpretador. A resposta da dona foi que o meu caso não tinha interesse público, que era uma questão privada, e que, portanto, o Ministério Público não poderia fazer nada. Mas ela me disse que iria conversar com o procurador e me mandaria uma resposta.

Nunca recebi a tal resposta.  Pelo jeito, o exercício funcional de um funcionário público não tem interesse público para o Ministério Público. Com o diretor da minha faculdade, fui conversar com a Consultora Jurídica da UFMG. Ela também não se interessou pelo meu caso. 

Com isso aprendi mais uma coisa. Se você for um funcionário público em uma instância burocrática brasileira qualquer, a única coisa que você pode esperar é algum tipo de punição, caso cometa qualquer malfeito. Nunca espere nada de bom dessas instituições. Como, p. ex., algum tipo de suporte jurídico quando você estiver sendo vítima de stalking relacionado ao seu exercício funcional.

Recorri então, novamente, ao advogado. Analisamos melhor a situação. Após considerar diversas opções, cheguei à conclusão de que não adiantava fazer nada. Que o melhor a fazer era agüentar. Basicamente, o que tinha acontecido era o seguinte. O cara atuava na área de educação, afastado da sua universidade, também federal, por problemas de saúde mental. No próprio dossiê, ele tinha colocado um laudo psiquiátrico atestando esquizofrenia paranóide. Falava também que, por ser de esquerda, era vítima da "Ditadura Militar", a qual o perseguia desde outras épocas. Dá para ver o nível de periculosidade do sujeito.

Liguei para o diretor do instituto ao qual o sujeito era afiliado. O diretor me falou que a congregação estava de mãos amarradas. O cara era louco e tinha sido afastado por causa disso. Só que tinha recorrido e o caso estava sub-judice. Continuava no cargo, porém sem trabalhar. Não tinha condições de dar aulas ou fazer pesquisa, mas continuava recebendo o salário e enchendo a paciência dos outros que tentavam trabalhar.

Não preciso dizer que tomei cisma então, dos tais DH. O louco tem DH para me atrapalhar no meu serviço, que eu tenho a pretensão seja de relevância para o País. Por outro lado, a Justiça não me dá nenhum DH para me proteger de um maluco que ficou me estressando anos a fio.

Usando o retrospectrômetro, dá para vez que o meu foi apenas um caso particular de uma regra geral no Brasil. Os DH só valem para os bandidos e não para as vítimas. São os tais "direitos dos manos". Se o cara é bandido sem colarinho, vira vítima da sociedade. Se o cara é bandido de colarinho, pode contar com o sistema jurídico mais garantista do mundo. Se tiver acesso a bons advogados vai protelando a causa de instância em instância até a prescrição. E os ministros do Supremo Trambique Federal fazem a maior pose quando obstruem a justiça. 

É possível então imaginar a birra, a verdadeira ojeriza, que tomei pelos tais direitos dos manos. Qual não foi minha surpresa então ao tomar conhecimento da indicação do Bolsonaro para o Ministério da  Família e dos Direitos Humanos.


A Reverenda Damares Alves é pastora evangélica, advogada e tem um baita currículo de defesa dos DH. Advoga gratuitamente em favor de diversas causas, verdadeiramente humanas, tais como mulheres que são vítimas de violência doméstica, mulheres que não querem abortar, crianças indígenas malformadas e/ou com deficiência intelectual etc. 

A indicação da Reverenda Damares foi uma das maiores sacações do Bolsonaro. Percebi então que o problema não é com os DH em si, mas com o enquadramento esquerdista do assunto. Os problemas de DH no Brasil são gravíssimos e alguma coisa precisa ser feita. E a Reverenda já vinha fazendo muito e pode fazer mais ainda. Tomara que consiga. 

E eu me sinto na obrigação de apoiá-la. A decisão de escrever esse texto se concretizou quando os esquerdopatas tentaram ridicularizá-la. Vergonha alheia: Os esquerdopatas não perdem a oportunidade de passar vergonha e de se expor, mostrando o quão abjetos são.


Debocham da Reverenda porque ela é evangélica. Como se isso fosse crime. Ao contrário, ter uma ministra evangélica merece comemoração. Os evangélicos constituem uma parcela importante da população brasileira e estão tentando resgatar virtudes que, ou nunca tivemos, ou há muito perdemos. 

Com a Reverenda Damares Alves, estamos tendo a oportunidade de aprender o quê realmente são DH. Vamos compreender que os DH têm um outro lado. Vamos sair mais completos dessa experiência, mais autênticos. 

A suprema ironia é que ela tem um currículo perfeito para o cargo. Pertence simultaneamente a várias categorias de vítimas. Algumas categorias vitimológicas às quais Damares pertence são reconhecidas, tais como ser mulher e ser sobrevivente de abuso sexual. Outras categorias não: os evangélicos são uma categoria hostilizada, principalmente pela esquerda. Não é à toa que a esquerda está tentando ridicularizá-la. O seu pior defeito é ter superado as adversidades. A vítima que dá a volta por cima é imperdoável. 

Obviamente, a gestão da Reverenda pode vir a ser um desastre. De qualquer forma, sua simples nomeação já nos ensina que há uma outra forma de ver os DH. Um conceito de DH mais voltado para as verdadeiras vítimas dos manos, sem e com colarinho.

domingo, 21 de outubro de 2018

CENSURADORES DE WHATSAPP SÃO HERDEIROS DE PFEFFERKORN - O incendiário de livros judaicos

Nessa época de polarização política, de tentativa de censura politicamente correta e de tentativa de manutenção de uma hegemonia esquerdista de pensamento, as redes sociais estão cumprindo o mesmo papel que a imprensa desempenhou no Século XVI. 

Uma das figuras que ilustra esse artigo é a logomarca da editora de Aldus Manutius, na Veneza do Século XVI. O Aldo teve uma papel importantíssimo na nossa tão vilipendiada Civilização Ocidental. Entre outras coisas, foi o inventor do livro de bolso. Antes do Aldo, os livros eram gigantescos. Precisavam ficar em cima de mesas e alguns, de tão grandes, só podiam ser lidos em pé. O Aldo foi o inventor dos livros portáteis, que poderiam ser carregados e lidos em qualquer canto, em posição sentada, deitada etc. A editora do Aldo foi também uma das pioneiras com os tipos gregos. Naquela época só havia três editoras que imprimiam com tipos gregos, duas na Suiça e o Aldo. O Aldo apoiou então a re-descoberta e disseminação dos autores gregos, que ficaram esquecidos por mais de 1000 anos.

Logomarca da editora do Aldo Manuzio

A história do Aldo e da sua editora é muito edificante. Não podemos esquecê-la jamais. Precisamos reverenciar as pessoas que nos legaram a liberdade de expressão e pensamento. Muitas delas morreram na fogueira. Nós somos fiéis depositários dessa tradição e não podemos abrir mão dela. Para compreender melhor o alcance dessa idéia, voltarei apenas algumas décadas para a época do Regime Militar, antes de dar um passeio pelo Século XVI.

Aldo Pio Manuzio
(1449 - 1515)

Paradoxalmente que possa parecer, na época do Regime Militar, a liberdade de expressão não era tão ameaçada quanto atualmente, já bem avançadinho o Século XXI. Sim, naquela época havia censura. Mas sempre havia algum meio de burlar a censura. E opinião pública era majoritariamente contrária à censura. Ficaram famosas as edições de O Estado de São que traziam poemas de Camões no lugar de matérias que haviam sido censuradas. Quando aparecia um poema do Camões, todo mudo sabia do que se tratava. Todo mundo sabia, também, o quê estava sendo censurado.

A censura era uma espécie de missão impossível. Servia mais como um cavao de batalha da luta política para a esquerda do que como um mecanismo de cerceamento efetivo da liberdade de pensamento e expressão. De uma maneira ou de outra, todo mundo sabia o que estava acontecendo e todo mundo era contra a censura. Todo mundo achava a censura ridícula.

Infelizmente, as coisas mudaram muito e para pior. Aqueles mesmos grupos que lutavam contra a censura, hoje em dia pedem a censura. É inevitável a conclusão de que eram hipócritas. De que somente se opunham à censura da época porque ela cerceava a expressão dos seus próprios pontos de vistas e, além disso, servia como uma ótima arma política.

É inevitável a conclusão de que essa turma que clama por censura hoje e que acusa seus adversários de serem fascistas e positivistas não passa de um de um bando de hipócritas. Eles nunca foram a favor da democracia. Nunca foram contra a censura por princípio. Naquela época eram contra a censura das suas próprias idéias, hoje são a favor da censura das idéias dos outros.

E a censura que vivemos hoje em dia é mil vezes pior do que a censura que ocorria na época dos milicos. Os milicos impunham uma censura externa, autoritária, baseada na coerção estatal. Mas era uma censura que não encontrava eco na sociedade. Uma censura que era facilmente ridicularizada e burlada. Quem acha a censura politicamente correta ridícula hoje em dia? Provavelmente a maioria. Quem tem coragem de dizer isso? Uns poucos, que são perseguidos e vítimas de assassinato moral.

Atualmente é muito pior. Enfrentamos uma censura disfarçada, informal, exercida por grupelhos políticos que se apoderaram da cultura e da universidade. Essa censura atende pelo nome de ideologia do politicamente correto. Ela representa o fim do pensamento, o fim da universidade, o fim da Civilização Ocidental.

Vou contar uma historinha pessoal. Quando estava na universidade, na Década de 1970, eu tinha simpatias esquerdistas. Talvez minhas simpatias fossem vagas e entremeadas de dúvidas. Nunca fui um crente. Mas sim, confesso, eu tinha simpatias esquerdistas. Das quais fui me curando à medida que amadureci.

Participei das lutas da minha geração: pela liberdade sexual, contra a censura, pelas eleições diretas, pela anistia ampla, geral e irrestrita etc. E não me arrependo. Eram coisas importantes na época. Era o que se podia fazer. 

Não surpreende, portanto, nem um poquinho, que eu não aturasse as aulas de Estudos de Problemas Brasileiros (EPB), que éramos obrigados a fazer na época. No currículo de todos os cursos tinha duas disciplinas de Educação Física e duas de EPB. Era um porre para mim. Não sei qual eu odiava mais. Meu segundo professor de EPB, lá pelo ano de 1979 ou 1980, era um monarquista afiliado à TFP. O cara vinha sempre dar aula de gravata borboleta. Eu não aturava a aula dele. Era uma multidão em um auditório. Eu assinava a lista e caia fora. 
Daí chegou a hora da avaliação. Eu precisava ser aprovado naquele treco para poder me formar. A avaliação consistiu em fazer uma resenha de um livro. Eu escolhi o livro "Formação econômica do Brasil", do Celso Furtado, e me aventurei a fazer a resenha do troço. (Outro dia dia o Ramiro descobriu esse exemplar todo rabiscado na minha biblioteca e veio gozar da minha cara. Quis rir de mim porque eu tinha estudado o Celso Furtado. Falei pra ele que sim, que eu cometi meus pecadilhos na juventude e não foram poucos. Só que eu me redimi.)

Dada a minha estupidez na época, vocês podem imaginar como a minha resenha era simpática ao livro do Celso Furtado. Talvez fiquem pensando que eu fui reprovado, perseguido pela polícia etc. Nada disso aconteceu. Tirei uma nota 100 e, ainda por cima, o professor elogiou o meu trabalho. O trabalho era bom. Eu não rabisquei o livro à toa. Estudei mesmo, procurando compreender e aprender. 

Pergunto agora, como é a situação hoje em dia? O que acontece com os alunos e professores conservadores que ousam manifestar alguma opinião herética, discordante da hegemonia marxista cultural? Eu já fui linchado moralmente na universidade, simplesmente por me opor a uma invasão e ousar continuar com minhas atividades de ensino, pesquisa e extensão. Suprema ousadia do bofe: ensino, pesquisa e extensão! A universidade não serve para isso. Atualmente, a universidade se pretende um instrumento de transformação social, de reforma do mundo. E ai de quem ouse contrariar.

Não surpreende, portanto, que alguém tenha a idéia de jerico de querer censurar o WhatsApp. As tias fofocando nas redes familiares representam a maior ameaça conservadora à hegemonia do marxismo cultural.

Mas o pior de tudo é que a censura atualmente não é mais uma imposição externa, de um estado opressor. Trata-se de um tipo pior de auto-censura. Auto-imposta por gente que que não estuda, que perdeu o senso comum e que fica repetindo por aí uma série de palavras de ordem extravagantes. Uma série de deepieties. (Deepieties é o termo criado pelo filósofo Daniel Dennett para se referir às pieguices pseudo-profundas que caracterizam o ideário politicamente correto contemporâneo.)

(Se você fosse furungar na minha biblioteca há alguns anos atrás se surpreenderia com a quantidade de porcaria de Marx, Engels, Foucault, Lacan etc. que eu li na vida. Há uns anos vendi tudo a quilo para um sebo. Oni infame do Celso Furtado sobreviveu, sei eu lá porque cargas d'água à faxina. Vá furungar na biblioteca dos intelectuais de esquerda para ver se eles leram alguma coisa de verdadeira ciência, estatística etc. Vá furungar nas mentes desses jovens Helenões e veja se eles têm alguma idéia que não seja uma pieguice pseudo-profunda, ouvida de algum professor maconheiro de  História.)

Mas o  pior, o pior mesmo, não são os ignorantes. Esses são idiotas úteis, Mais abjetos são os covardes, que percebem a patranha e ficam de bico fechado. Mais abjetos ainda são os empresários, donos de redes sociais na internet, que se prestam a impor uma censura privada. 

Quando a situação está muito crítica, quando não se sabe muito bem como interpretar os eventos e qual é a saida eventual de uma crise, nada melhor do que olhar retrospectivamente. A História sempre tem alguma lição para ensinar. Esse povo que hoje pede censura do WhatsApp ignora cinicamente que somente pode fazer isso, que somente pode expressar suas idéias e, até mesmo, pedir que as idéias dos outros sejam censuradas, porque alguém no passado lutou pela liberdade de opinião. Liberdade essa que o pessoal da esquerda não perde oportunidade para tentar suprimir.

Acho que uma maneira de entender o que está acontecendo hoje é voltar um pouquinho para o Século XVI. Para a época em que a imprensa se difundiu e tomou conta do mundo. Em escala incomensuravelmente ampliada, a internet está fazendo atualmente o mesmo que a imprensa vez no Século XVI. Esse pessoal que teima em censurar a internet não está com nada. Estão condenados ao lixo da história. Vão fazer companhia a personagens como Johannes Pfefferkorn, sobre o qual falo a seguir. Duas historinhas são muito edificantes para compreender o momento atual. A primeira delas é do Lutero (Massing, 2018). A segunda é do Johannes Reuchlin (Price, 2010).
A história do Lutero é muito simples. Ele apenas sobreviveu à fogueira por causa da imprensa. OK, ele teve o apoio de muita gente poderosa como Frederico, o Sábio, Eleitor da Saxônia. Mas, em última análise, ele só não virou churrasquinho como o Jan Hus por causa da imprensa. Alguns poucos dias após haverem sido pregadas na porta da igreja em Wittenberg, as 95 teses de Lutero já haviam sido publicadas em praticamente todas as cidades alemãs importantes. Em poucas semanas já havia traduções nos principais países europeus. O estrago estava feito.

Acrescente-se que Lutero era um exímio polemista. Ele praticamente só escreveu panfletos. E os seus panfletos eram escritos em uma linguagem acessível e virulenta, debochada, escatológica inclusive. Eram ferramentas de luta. E os editores corriam atrás dos seus escritos, imprimindo tiragens sucessivas e espalhando-as, em diversos idiomas, pela Europa.

Quando assumiu o seu cargo de professor de Estudos Bíblicos em Wittenberg, Lutero estava envolvido com o estudo dos Salmos. Os Salmos são, notoriamente, um dos textos mais dificeis da Bíblia, E as traduções em Latim existentes na época deixavam muito a desejar. Lutero logo percebeu que precisava aprender hebraico, se realmente quisesse compreender alguma coisa dos Salmos. Suprema ironia. Lutero, um dos principais anti-semitas da História, compreendeu que precisava aprender hebraico se quisesse estudar o  negócio a sério.

Mas não foi apenas o Lutero que teve essa idéia. Vários humanistas do Século XVI perceberam que a Vulgata, a tradução da Bíblia feita por São Jerônimo, deixava muito a desejar. Erasmo, p. ex., aprendeu grego para estudar e traduzir o Novo Testamento.

Um dos caras mais interessantes dessa época se chamava Johannes Reuchlin. Era um advogado, filólogo e teólogo amador de Stuttgart. Reuchlin fez parte desse movimento de análise filológica e fixação do texto da Bíblia que ocorreu no Século XVI. Uma das suas sacações foi que precisava aprender hebraico, se realmente quisesse levar o estudo da Bíblia sério. Começou a estudar sozinho, mas logo se deu conta de que o negócio era complicado. Passou então dois anos na Itália, aprendendo hebraico. Na volta, publicou uma gramática do hebraico e guia de estudos bíblico-filológicos para cristãos interessados nos livros do Velho Testamento. A obsessão de Reutlin era buscar evidências no Velho Testamento que antecipassem a vinda de Cristo.


Johannes Reuchlin
(1455-1522)

Pois bem, na mesma época vivia um teólogo chamado Johannes Pfefferkorn (literalmente: "grão de pimenta"). Esse Pfefferkorn era um judeu convertido que resolveu pegar no pé dos seus ex-correligionários. Associou-se aos monges beneditinos da Inquisição alemã e aos professors de teologia em Colônia e passou a ser uma verdadeira pimenta nos olhos dos judeus e do Reuchlin. 

O Pfefferkorn compreendeu que a pujança dos judeus vinha da sua tradição literária. Iniciou então uma campanha para queimar todos os livros judeus que, supostamente, divergissem da doutrina cristã. Entre outras coisas, conseguiu que o Sacro-imperador Romano-Germânico Maximiliano I nomeasse uma comissão para examinar o material bibliográfico judaico apreendido e decidir se deveria ir para a fogueira ou não.

Pfefferkorn como magistrado
humilhando o suplicante Reuchlin

Mas Pfefferkorn cometeu dois erros fatais para sua  empreitada. Escolheu a cidade errada e um membro errado para essa comissão de scholars notáveis. A cidade errada foi Frankfurt. O Pfefferkorn resolveu iniciar sua campanha contra a cultura judaica por Frankfurt. Foi a pior escolha possível. Frankfurt era justamente a cidade onde ocorria, duas vezes por ano, a Feira do Livro. Já naquela época a imprensa era uma indústria rentável. Basta mencionar que Erasmo foi o primeiro intelectual a viver da renda auferida pela venda dos seus livros. E os livros de Erasmo e Lutero vendiam que nem pão quente. Uma tiragem após a outra. O Lutero só não ficou rico porque não cobrava pelos seus escritos. Deixava o lucro para os editores. E os livros dos judeus não vendiam muito menos. Era um negócio muito rentável. Portanto, não foi surpresa nenhuma quando o Conselho Municipal de Frankfurt se opôs ao projeto de Pfefferkorn.  

A segunda má escolha do Pfefferkorn foi colocar o Johannes Reuchlin na tal comissão. O Reuchlin escreveu um panfleto defendendo logica e ardorosamente a preservação e estudo da Cultura Judaica como sendo, inclusive, importante para o próprio Cristianismo. Não deu outra. Além de mandar seu panfleto para a Universidade de Colônia e para o Arcebispo, Reuchlin publicou o texto. Foi um sucesso na Feira de Frankfurt. E, novamente, o estrago da divulgação e disseminação inexorável se contrapôs à censura. Reuchlin é outro, que só escapou da fogueira porque botou a boca no trombone. A sobrevivência da Cultura Judaica foi auxiliada, então, de dois modos pela imprensa: pelos interesses comerciais dos editores e pela disseminação rápida e eficiente de conteúdos alternativos ao pensamento hegemônico.

Esse povo que está censurando o WhatsApp e o FaceBook não está com nada. Não adianta acusar os outros dos seus próprios crimes. Nós, conservadores, nem teríamos imaginação para criar fakenews que superassem em hediondez os crimes do Mensalão, Petrolão e outros, como a censura, que continuam ocorrendo. Essa turma que censura o WhatsApp e o FaceBook é formada pelos herdeiros do Johannes Pfefferkorn. O que eles não contavam é com a astúcia dos Reuchlins contemporâneos. Essa turma está condenada à lata de lixo da História. Não vão conseguir botar a liberdade de expressão de joelhos.


Referências

Massing, M. (2018). Erasmus, Luther and the fight for the western mind. New York: HarperCollins.

Price, D H. (2010). Johannes Reuchlin and the campaign to destroy Jewish books. Oxford: Oxford University Press.

terça-feira, 16 de outubro de 2018

QUEM AMEAÇA A DEMOCRACIA?

Tem se falado muito nessa campanha eleitoral sobre ameaça à democracia. A preocupação é procedente. A democracia no Brasil é recente e frágil. As leis não são cumpridas. Ou são distorcidas e usadas para favorecer determinadas pessoas ou grupos.

Certa vez eu testemunhei o encontro entre um professor alemão que já vivia no Brasil há três anos e outro que estava chegando. O veterano de Brasil sentenciou que o País é um estado de direito. Só que não funciona.
Estamos fazendo progresso. Sim, muito e acelerado. O FaceBook e as outras mídias contribuíram para criar uma opinião pública possante no Brasil. Opinião pública essa que só cresce e se consolida. Tendo culminado na eleição de candidatos com um perfil totalmente diferente para o Congresso em 2018. 

Esses políticos novos que chegam ao Congresso nos enchem de esperança. O FaceBook e a eleição desses políticos com um perfil mais liberal/conservador vão detonar a hegemonia esquerdista que tomou conta do Brasil desde o final do Regime Militar.

Muitos desses políticos novos são pessoas muito bem preparadas intelectualmente, Talvez não venhamos a reviver o brilhantismo do Carlos Lacerda. Mas tenho esperança que o nível do debate melhore muito. (A propósito, se você nunca assistiu a um discurso ou entrevista no Carlos Lacerda no YouTube, não sabe o que está perdendo.)

Minha sensação pessoal é de liberação. O pessoal da esquerda ressentida continua me xingando de "fascista" e "positivista". Mas eu não dou bola. Tenho uma turma agora. Encontro minha turma todo dia no FaceBook e sei que não estou mais sozinho. Como eu me sentia na época em que o Lula tinha quase 100% de aprovação nacional. Parecia o Kim Jong-un ou o Maduro. 

O FaceBook abriu uma brecha no monopólio esquerdista da opinião pública. Os libertários e conservadores podem se encontrar, se apoiar, trocar idéias e propugnar pelos seus ideais. Ser "de direita" deixou de ser vergonhoso. Eu saí do armário.

O outro avanço importante é a Lava-Jato. A Lava-Jato mostrou que é possível investigar e punir os criminosos usando o arcabouço jurídico disponível. Não precisa de nenhuma lei nova não. É só uma questão de aplicar as leis que já existem. Justiça que tarda é justiça que falha.

Acho que a Lava-Jato vai render muito mais. Mas o que ela já conseguiu não é pouco. Quase todo esse pessoal poderoso que se opunha sistematicamente à Lava-Jato foi varrido do Congresso. Ficou muito mais difícil acabar com a Lava-Jato. E o povo, elegendo democraticamente seus representantes, teve um papel importantíssimo para consolidar e assegurar o avanço da Lava-Jato.

Mas, se nós fizemos tantos progressos no sentido de criar uma opinião pública liberal/conservadora e dar sustentáculo político para a Lava-Jato, qual seria então a ameaça para a democracia? Evidentemente, a esquerda vem com a conversinha mole de que o Bolsonaro é uma ameaça à democracia.

Eu já não assistia TV. Agora parei de ouvir rádio. Tem politólogo demais no ar, discutindo as "credenciais democráticas" do Andrade e do Bolsonaro. Evidentemente, esse povo sempre conclui que o o Andrade tem as melhores credenciais.Justamente aquelas que, supostamente, faltariam ao Bolsonaro.


É sobre isso que eu ando refletindo um pouco e gostaria de compartilhar algumas opiniões. Eu penso de maneira radicalmente oposta. Acho que o Bolsonaro não consitui uma ameaça à democracia, apesar dos seus defeitos. Por outro lado, o Andrade e o PT são o bicho-papão da democracia. Mas não são epenas o Andrade e os petralhas. Tem muito mais bicho-papão solto por aí. Vou conversar sobre eles depois de discutir o Bolsonaro.

Não sei o que passa na cabeça do Bolsonaro. Mas a leitura que faço é que ele não tem a menor intenção e muito menos condições de implantar uma ditadura no Brasil. Para compreender isso é peciso considerar quem o Bolsonaro representava originalmente.

O Bolsonaro saiu do Exército por insubordinação. Ele estava fazendo política no Exército já naquela época. Estava reinvindicando salários. E já era esquentado desde sempre. Acabou conforanto a  hierarquia, pegando uma cana e saindo. Foi para a política.

Na política o Bolsonaro sempre representou a opinião dos militares. Sempre foi o representante político de uma parcela significativa, se não majoritária, dos milicos. Isso ficou muito claro agora. Quem são os principais auxiliares do Bolsonaro? Quais as bandeiras originais que o Bolsonaro defende?

Se os milicos quisessem e pudessem eles já teriam re-instalado uma ditadura no Brasil há tempo. O problema é que os milicos não podem e não querem. Não será o Bolsonaro a fazer isso.

Os milicos largaram o poder no Brasil porque estavam exaustos de ficarem segurando as pontas e, ao mesmo tempo, serem culpados por tudo de ruim que acontecia. 

Os militares não querem fazer uma nova ditadura. Durante mais de 30 anos, eles ficaram se comportando direitinho nos quartéis e cumprindo a Constituição. De 2013 para cá não faltaram, no antológico dizer de Castello Branco, "vivandeiras alvoroçadas que vêm aos bivaques bolir com os granadeiros e provocar extravagâncias do Poder Militar". Criou-se um pequeno, mas aguerrido movimento pela intervenção militar - as famosas vivandeiras.

Apesar de toda a bolinação das vivandeiras, os milicos só sairam dos quartéis em busca de representatividade política legítima. Não foi por falta de provocação das vivandeiras que eles deixaram de dar o tal golpe. Acredito que foi por convicção e compreensão das conseqüências dos seus atos para o País.

Mas os milicos também não podem implantar uma ditadura agora, simplesmente porque o mundo mudou. Na época da Revolução de 1964 vivíamos uma Guerra Fria. Ou era uma ditadura militar ou comunista. Não tinha muita opção. Principalmente para um país periférico como o Brasil e sem tradições democráticas, com uma população analfabeta e sem opinião pública sólida. 

O mundo mudou muito. Não seria mais possível implantar uma ditadura de direita. Ao contrário das ditaduras de esquerda, que continuam a brotar pelos rincões do mundo, sem que nenhuma organização internacional demonstre preocupação  com a democracia e atue de forma efetiva. Vide o caso da ex-Iugoslávia, da Venezuela etc. 

Os milicos ficaram por mais de 30 anos quietinhos nos quartéis. E agüentando tudo quanto é tipo de patifaria. Engolindo sapo. Agüentando comunista do Brasil como ministro da defesa. Agüentando Comissão da In-Verdade etc. 

A luta contra o comunismo no Brasil não foi um episódio edificante. Foram cometidos excessos.  Ou "malfeitos", como diria a Janete. Mas os excessos ocorreram de lado a lado. E, de mais a mais, no comparativo com as outras ditaduras da América Latina, para não falar sobre as ditaduras comunistas, a nossa dita foi bem mole.

Eu era jovem e participei da luta pela democracia,  contra a censura, pelas eleições diretas e pela anistia, ampla, geral e irrestrita. Anistia de lado a lado. Foi um momento grandioso na História Brasileira. Foi um momento em que se criou uma opinião pública, um consenso nacional. 

Os milicos não cairam na tentação de bater de frente com a opinião pública. Criaram a tal estratégia da "distensão lenta, gradual e segura". Foram tolerantes. E o negócio funcionou. Quando a anistia saiu, foi uma alegria geral. Ninguém reclamou. Ficou todo mundo feliz de botar uma pedra em cima daqueles episódios pavorosos. 

Só que tem uma turminha de ressentidos que tomou conta do poder e monopolizou a opinião pública. Esses caras não apenas re-escreveram a História. Eles querem refazê-la. Tornar o feito (a anistia) em não-feito. 

Não acho que os milicos tenham sido santos não. Guerra é um negócio muito sujo. É na guerra, principalmente, que os psicopatas cumprem sua função adaptativa. Em tempos de paz, eles só enchem a paciência dos outros. Vide os revolucionários de plantão. Como a turma do MST, que fica incendiando fazenda e matando vaca grávida e bezerrinho.

Mas os milicos agüentaram no osso. E encontraram um caminho político. Se os milicos não tivessem aprendido a valorizar a democracia, não haveria candidatura Bolsonaro. Não haveria tantas candidaturas militares como houve agora. Tudo indica que eles estão se dispondo a jogar o jogo democrático.

E a história está ficando muito engraçada. A ironia é que os milicos estão prestes a retornar ao poder, literalmente, carregados nos braços do povo. Para entender como isso está sendo possível, é importante considerar o que aconteceu com o fim do Regime Militar.

Quando o Regime Militar terminou, acabou a direita no Brasil. Todo mundo só era de esquerda. Direita virou palavrão, Virou anátema. O Lula chegou a comemorar numa determinada eleição porque todos os candidatos eram de esquerda.

O Brasil experimentou todas as alternativas de governo disponíveis à esquerda. Uma após a outra. Começamos pelo aventureirismo do Collor, voltamos ao coronelismo com o MDB, renovamos esperanças com o socialismo herbívoro do PSDB, para, finalmente, afundarmos com o socialismo carnívoro do PT. Todas essas alternativas fracassaram. Não temos mais nada à disposição. Não espanta que o Bolsonaro tenha crescido.

E tudo isso vem acontecende à hégide de uma Constituição dita cidadã, mas que, na verdade, promoveu um avanço do estado sobre a cidadania. Uma constituição que criou um monte de direitos para alguns, que não passam de obrigações para outros. Uma Constituição "maravilhosa", mas desprovida de um arcabouço institucional e de um tesouro para bancá-la. Uma Constituição estatizante que é um convite à corrupção. Uma Constiuição que privilegia os bandidos em detrimento dos cidadãos de bem.

Mas, principalmente, uma constituição que não foi assinada pelo PT e que, de lá para cá, já foi rasgada várias vezes por políticos de todos os partidos e, o que é pior de tudo, por ministros do Supremo Tribunal Federal, o seus supostos guardiões.

Nesse clima, não surprende que o Bolsonaro tenha crescido e tenha se transformado no fenômeno que se transformou. O Bolsonaro era um deputado do baixo clero que representava os interesses da caserna. Tudo muito legítimo. Era um cara destemperado e acabou se transformando em uma figura folclórica. Acabou usando isso para se promover.

E, de 2014 para cá, soube capitalizar como ninguém o sentimento antipetista que se desenvolvia na opinião pública. Os outros partidos poderia ter feito isso. Era o que se esperava, p. ex., do FHC e dos seus tucanos. Agora que a cobra está fumando, o FHC, mais uma vez, lavou as mãos e foi para Paris.

Por tudo isso que eu discuti acima, acho que o Bolsonaro não constitui uma ameaça real à democracia. A contrário. A direita representada pelo Bolsonaro é a única alternativa que os Brasileiros ainda não experimentaram após todas as outras terem sucessivamente fracasso nesses mais de 30 anos de Nova República.

Para o meu gosto, na verdade, a eleição do Bolsonaro vai representar um avanço democrático. Pode ser que o seu governo dê certo. Pode ser que não. Se o governo Bolsonaro não der certo, tenho certeza de que os brasileiros poderão e saberão escolher uma alternativa nas próximas eleições. O Brasil e sua imberbe democracia não acabarão com a eleição do Bolsonaro.

Muito diferente seria uma eleiçãodo PT. Acho que  agora não vale à pena ficar gastando pólvora com chimango e falar mal do PT. Todo mundo conhece o PT. Todo mundo sabe que o PT tem um projeto totalitário de poder, do qual nunca desiste. Todo mundo sabe o que o PT faria se fosse eleito. A Venezuela e a Bolífica ficam ali do outro lado.

Todo mundo sabe o que PT fez: aparelhamento do estado, corrupção desenfreada, monopolização da opinão pública, lavagem cerebral nas escolas, tentativas reiteradas de censura etc. etc. Todo mundo sabe o que PT gostaria de ter feito e só não fez porque não pode. E não pode porque a opinião pública resistiu. Apesar de o Zé Dirceu sempre dizer e continuar dizendo, tintintim por tintintim, qual é o programa do PT. 

Por que a opinião pública brasileira não teria condições de fazer o mesmo com o Bolsonaro, caso suas expectativas se frustrem? Por que a ditadura do Bolsonaro seria pior do que a ditadura do PT? 

Mas o PT não é o único inimigo da democracia. Há uma série de organizações internacionais, fundações e até mesmo empresas cuja única agenda é promover o marxismo cultural. Esse pessoal é muito pernicioso. 

Vivemos numa situação paradoxal. Por um lado, o FaceBook e outras midias internéticas nos servem de plataforma para expressar opiniões e criar uma opinião pública. Por outro, eles estão ressuscitando a censura. E o que é pior. A censura agora não é exercida pelo estado, mas sim por empresas monopolistas. Essa turma é uma ameaça muito maior à democracia do que o Bolsonaro. Meu consolo é que, entendendo como funciona o capitalismo, dá para prever que todo monopólio acaba tendo seu fim. Alguma coisa nova sempre surge.




domingo, 14 de outubro de 2018

PAREM O MUNDO, QUE O BRASIL QUER VOTAR NO BOLSONARO

A opinião pública brasileira está tão envolvida com a eleição do Bolsonaro, que tudo o mais virou secundário. Ninguém se interessa pelo que está acontecendo no mundo. Outro dia alguém fez um comentário muito interessante no FaceBook. Em um grupo de amigos ou parentes, quando a rivalidade política esquenta demais e corre o risco de ultrapassar o limite, o melhor é desviar a atenção para o noticiário internacional. Como ninguém está acompanhando nada do que acontece lá fora, a conversa logo toma o rumo do futebol.

Eu tenho feito um esforço para não focar excessivamente minha atenção na política nacional. Continuo visitando os meus blogs internacionais prediletos. Acho que estou conseguindo acompanhar grande parte do que está acontecendo lá fora.

Hoje li um artigo do Theodore Dalrymple, de algumas semanas atrás. A discussão é sobre aquele episódio de um islamita que matou a família em um subúrbio de Paris há um tempo atrás. O ISIS assume qualquer atentado como seu. Então não dá pra saber. As autoridades disseram que o negócio não tinha nada a ver com terrorismo. Engraçado como eles sabem, né. Disseram que o cara era louco.

O Dalrymple desmonta essa argumentação. Um cara que mata a família não pode ser psiquiatricamente normal. Mas qualquer cara que se envolve em um atentado também não pode regular bem da caçuleta. O que o Islamismo faz é fornecer o conteúdo da fantasia do louquinho. O Dalrymple fez uma frase genial:

"When nineteenth-century men believed they were persecuted by machines, they were persecuted in their imaginations by nineteenth-, not eighteenth- or twentieth-century machines".

Agora vamos trazer essa discussão para o Brasil. Quem contratou o esfaqueador do Jair? Essa é a pergunta que não quer calar, Mas que, ao mesmo tempo entrou em segundo plano nas últimas semanas.




Muito se discutiu se o cara é louco ou não. Pouco interessa. Bem sãozinho nunca pode ser alguém que tenta esfaquear outra pessoa premeditadamente. 

No mínimo alguém forneceu a infra-estrutura material que lhe permitiu perpetrar o atentado. Alguém lhe forneceu e reforçou o conteúdo das fantasias levaram-no a atentar contra o Bolsonaro. Não vale dizer que foi o próprio Bolsonaro. Isso é "blame de victim" e a esquerda não aceita isso. Então, quem foi?

É interessante como sair um pouquinho da bolha pode iluminar até mesmo que está acontecendo na bolha. Grande parte do ideário da esquerda brasileira é pautado do exterior. P. ex., da loucura politicamente correta que acometeu o meio acadêmico nos EUA e na Europa.  Então é importante sair um pouquinho da bolha. O que está acontecendo lá fora pode ser relevante.

No mínimo porque as pessoas fora da bolha brasileira não pararam de viver e produzir. Ainda que alguns só produzam besteira. Mas tem os que estão produzindo e se desenvolvendo de fato. Como é o caso dos chineses. Enquanto isso nós vamos ficando cada vez mais para trás. Há cinqüenta anos, Brasil e Coréia eram igualmente miseráveis. Hoje, a Coréia é o que é e o Brasil continua sendo o que era.

Fico sempre me lembrando da fala do Garrincha para o Vicente Feola antes de um jogo importante da Copa de 1962: "Mas Seu Feola, o senhor já combinou com os russos?"

Vivemos uma situação semelhante. Estamos entrando na quarta década depois do Regime Militar. Já experimentamos todas as alternativas disponíveis: a) o aventureirismo do Collor; b) o coronelismo do MDB; c) o esquerdismo herbívoro do PSDB; d) o esquerdismo carnívoro do PT. Todas essas alternativas fracassaram. Uma depois da outra.

Estamos em um impasse pelo menos desde 2013. Está sendo muito difícil se livrar do PT. Apesar do atestado de incompetência e corrupção que foi passado aos petralhas. É como se disséssemos assim: "Ei mundo, segurem um pouco as pontas por aí! Parem de se desenvolver, que nós brasileiros precisamos um tempo para decidir o que queremos". 

Essa nossa crise não é econômica. É política. É uma crise existencial de quem não consegue por a casa em ordem para se desenvolver. Meu consolo é que na Argentina é muito pior. Mas isso não vale. É comparação social descendente. Apenas consola, não constrói nada.

Precisamos fazer mais comparação social ascendente. Sair da bolha e mirarmo-nos nos exemplos de sucesso. Ver o que está acontecendo por lá, o que está funcionando e o que não está funcionando. Entre outras coisas vamos entender como muitos dos conteúdos das fantasias esquerdistas que andam por aí também são importados e/ou orquestrados lá de fora. Até mesmo o esquerdismo é fake no Brasil. 


Não, o mundo não vai parar enquanto o Brasil vota no Bolsonaro. Mas, talvez nós comecemos a nos mexer em algum momento.