Ontem de noite voltei para casa de Uber. Aliás,
como faço com uma freqüência cada vez maior. Praticamente parei de andar de
táxi. Nâo preciso mais me submeter aos maus modos de motoristas que além de
cobrar por um serviço caro, se indignam por não querer desligar a rádio
Itatitiaia ou o futebol.
A conversa com os motoristas do Uber é muito mais
interessante também. Geralmente são pessoas mais diferenciadas. O motorista de
ontem era um rapaz bem apessoado e com uma cara inteligente, de estudante
univesitário. Foi logo perguntando se eu não seria professor. Algo óbvio dado o
local em que estava e a minha aparência. A aparência de professor é quase tão
difícil de disfarçar quanto a aparência de Papai Noel.
Depois de um pouco de small talk, o cara me
perguntou sobre qual disciplina eu leciono. Quando lhe falei que trabalho na
Psicologia, ele me disse que sua irmã também faz um curso na área de humanas.
Só que ela não está muito satisfeita com o blá blá blá da faculdade. Aprende-se
pouca coisa útil e relevante, segundo ela.
Ele me falou então que faz um curso na área de
finanças e que tem muito interesse pelo mercado de ações. Eu comentei então que
em alguns cursos de economia o pessoal também só estudo marxismo. Ou seja,
também é adepto do blá blá blá. Ao que ele me respondeu que muitas vezes tem a
sensação de a universidade só forma ativistas...
Confesso que por essa eu não esperava e fui
obrigado a cumprimentá-lo efusivamente. O jovem é tão esperto que em apenas
quatro semestres na faculdade chegou à mesma conclusão que me custou mais
de trinta anos para alcançar.
O ativismo político na Universidade está dando na
vista. Está tão óbvio que já caiu na boca dos motoristas do Uber. A
Universidade, definitivamente, desistiu de buscar e transmitir a verdade e o
conhecimento para "transformar a realidade". Até quando os pagadores
de impostos vão ficar fazendo de conta que seus recursos não estão sendo
desperdiçados? Ou, inclusive, que eles estão nutrindo com verbas públicas o ovo
da serpente que vai destruir a Civilização?
Referências para quem tem interesse pelo assunto
Maranto,
R., Redding, R. E., & Hess, F. M. (eds.) (2009). The politically correct
university. Problems, scope and reform. Washingto, DC: American Entrerprise
Institute.
Shields, J. A. & Dunn, J. N. (2016). Passing
on the right. Conservative professors in the progressive university. New York:
Oxford University Press.
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