Domingão em alguma capital brasileira. A família está
reunida à mesa do almoço. Mãe e filha combinam uma ida ao shopping. O pai é
gentilmente desconvidado. Sua impaciência masculina estragaria a festa de
compras.
A filha está em dúvida se vai ou não vai. Tem prova no dia
seguinte.
O pai fala assim:
“Se você não quiser ir, sua mãe e eu haveremos de arrumar
alguma coisa para fazer. Deve haver alguma exposição de putaria em algum museu
da cidade”.
Finalmente, resolvem ir e o pai vai fuçar no FaceBook. Para
sua surpresa descobre o quão profética fora sua premonição. De fato, há uma
exposição de putaria em andamento em um centro cultural da cidade. A qual está
provocando a ira das famílias.
O pai se lamenta:
“Eu gostava tanto de arte. Mas, atualmente nos museus e
teatros só dá marxismo ou putaria. A situação é menos dramática na música
clássica e no cinema. Sempre sobra algum concerto ou filme ao qual se possa
assistir. Mas é bom não espalhar que ainda restam algumas brechinhas para a
arte. Senão o pessoal do marxismo cultural vai invadir a música clássica. Daqui
a pouco vamos ver violoncelistas pelados enfiando arcos nos orifícios”.
Mas nem assim o pai consegue ser original. Já tem a Suzy,
que toca piano pelada.
O Caetano – sempre ele – disse: “Como é bom poder tocar um
instrumento”.
O pai se consola: “Como é bom poder cumprir o meu papel
social”.
O pater familias se compraz em exercer seu papel social com a severidade de um Catão. Só que, não se fazem mais pais como antigamente.
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