Tem uma piadinha boba que diz assim: Discutir com petistas é
como jogar xadrez com pombas. Elas só viram as peças e fazem cocô no tabuleiro.
É bem chulinha né! Mas tem um quê de verdade. Um dos fenômenos mais intrigantes
é o fato de que os petistas não se entregam. Quanto mais patifarias dp Lula e
do PT aparecem, mais eles se aferram à defesa dos seus ladrões favoritos.
Arrumaram até 400 babões para assinar um manifesto em favor do Luladrão.
Vejam o que acontece. Um belo dia ficamos sabemos que o PT praticou abuso de poder econômico, comprando o PDT. Ou seja, suas práticas
criminiosas, além de vultosas, eram generalizadas, sistemáticas, transformadas
em estratégia de poder e governo. Aí no dia seguinte os jornais dão como
manchete que políticos de outros partidos também fizeram caixa dois. Só que os
valores de uns são estratosféricos e a corrupção era usada como estratégia para
instituir um regime totalitário. Enquanto isso o valor do caixa dois dos outros
fica parecendo mixurucagem, com a única finalidade de arrancar uns carguinhos e
umas vantagenzinhas pessoais para continuar mamando nas tetas do estado.
E os petistas continuam se enchendo de razão. Não dão o braço
a torcer. São os iluminados, aqueles que conhecem a verdade revelada e que
salvarão o Brasil e a Humanidade. Quanto mais aparecem as patifarias, mais eles
se aferram ao dogma partidário. Como entender isso?
A entrevista do Domenio de Masi*, um amigo de FHC**, à Foice de São Paulo# é reveloadora da
mentalidade.
Foi a defesa intelectualmente mais honesta que eu já vi da roubalheira petista.
Basicamente, o que o cara diz é que se destruirmos Lula, vamos roubar a voz do
povo. Lula, Dilma e o PT eram mitos, que lutavam por um modelo de sociedade
fundamentado nos valores populares. Se Lula e o PT forem varridos do cenário,
já que a Dilma já virou carta fora do baralho, o sonho vai se esvair como
fumaça. Como não tem outra saída para o sonho socialista, então é preciso ir
fundo defendendo a corrupção e a imoralidade desavergonhada que se chama PT.
É impossível não notar uma certa condescendência no discurso
de-Masiano. Uma condescendência típica dos europeus em relação aos selvagens. A
atitude dos europeus em relação a nós brasileiro se divide basicamente em dois
tipos de preconceitos. De um lado tem o preconceito negativo. Esses caras acham
que somos selvagens mesmo, que não tem jeito. Que nunca vamos crescer, que
nunca vamos nos civilizar.
Do outro lado tem o preconceito positivo, como aquele
expressado por de Masi. Ou seja, nós brasileiros somos crianças mesmo, só
pensamos com a barriga, nos deixamos iludir por populistas vendedores de sonhos
socialistas e não temos um pingo de responsabilidade e capacidade de antecipar
as conseqüências dos nossos comportamentos. Mas, apesar dessas deficiências,
temos o nosso lado bom selvagem. Somos bonzinhos, acolhemos bem as pessoas,
somos festivos e, principalmente, inclinados a adotar a utopia socialista que o
racionalista europeu nos vendeu. Utopia essa da qual os povos ex-socialistas não querem nem ouvir falar. O socialismo
sobrevive apenas na América Latina. Onde os curumins querem continuar brincando
sem se preocupar com o futuro. É condescendência positiva, como a de um pai
benevolente que entende a imaturidade de um adolescente, mas não é menos preconceituosa.
Mas qual é mesmo esse sonho com o qual Lula nos engambelou e
que o torna supostamente inimputável? Aí
dá pra contar outra piadinha infame.
Quas são os três maiores economistas do mundo? A resposta é: Milton
Friedman porque ele falou que não tem almoço grátis, Margaret Thatcher porque
ela disse que um dia o dinheiro dos outros acaba e Dilma Rousseff porque ela provou
que é verdade o quê os dois anteriores falaram.
O sonho é usar o dinheiro dos outros para financiar a
fantasia dos curumins de que sua miséria deriva apenas da ganância das elites
malvadas e não dos graves problemas estruturais da nossa sociedade, incluindo a
vulnerabilidade de uma população inculta às perversas maquinações dos
populistas.
A coisa funciona assim. O Brasil é uma terra de fartura.
Farta comida, farta trabalho, farta saúde, farta segurança e, principalmente,
farta educação. A solução proposta então pelo PT foi um modelo de sociedade
abrindo mão das elites, abrindo mão da democracia burguesa, da racionalidade
econômica e da grande cultura em função da cultura popular. Abrindo mao da
gestão e economia em função da utopia. Deu no que deu.
E deu no quê? Hoje mesmo ficamos sabendo no quê deu e no quê
dará. Ficamos sabendo que após gastar nove bilhões na transposição do Rio SãoFrancisco agora serão necessários outros dez bilhões para tenter salvá-lo. O
tal Velho Chico está ameaçado de secar.
Quando Lula propôs esse delírio da transposição do São
Francisco todo mundo sabia que o negócio era uma loucura. Que não tinha
fundamento técnico nenhum, que iria acabar em desperdício, desastre ou os dois.
Que uma obra faraônica dessas só servia aos interesses da megalomania lulista e
da corrupção. O bom senso indicava isso.
Um dos pressupostos da ecologia é que o ambiente constitui
um sistema. Qualquer modificação maior tem um potencial enorme para causar
estragos irreparáveis. Não se deveria mexer assim, sem mais nem menos, com o
ecossistema. Os ecologistas sabem disso. O bom senso diz isso. Difícill dizer
por quê a Marina Silva, que se mostrou tão fanática em defesa do meio ambiente
em outras ocasiões, condescendeu com isso. Eu acho que é má-fé associada a
pusilanimidade. Mas posso estar errado.
No que deu a transposição do Rio São Francisco? Primeiro
ficamos sabendo que a obra parou pela metade e tomamos conhecimento da
corrupção inaudita que ela promoveu. Hoje fomos oficialmente informados do
desastre ecológico. Depois de perder o Rio Doce***, o Brasil vai perder também
o São Francisco. È nisso que deu e dará.
E o que vai acontecer com os culpados, com os ungidos que
tomaram essa decisão e com os corruptos que nos roubaram até? Nada. É sempre
assim. Os iluminados socialistas e estatizantes tomam decisões por cujas
conseqüências todos os outros pagam e nunca são chamados à responsabilidade. É
a clássica situação na qual os benefícios foram privatizados e as perdas são
socializadas.
Mas é pior do que isso. Os corruptos vão continuar lucrando
mais ainda. Já foram gastos nove bilhões na pseudo-transposição. Agora serão
gastos outros dez bilhões na pseudo-recuperação. Está escrito nas estrelas que
essa obra não vai adiantar nada. Que o São Francisco está condenado e sem
volta. Ou você acha que essa turma do Michel Temer, Renan Calheiros, Eunicio
Oliveira, Eliseu Padilha, Geddel Vieira Lima, Romero Jucá, Jader Barbalho et
caterva vai conseguir fazer outra coisa que não seja embolsar o nosso dinheiro?
Vamos perder dezenove bilhões e ficar sem rio enquanto
poderíamos ter gastado essa quantia, ou quem sabe até menos, para preservar o
nosso rio. Essa situação não vai mudar enquanto continuarmos nos comportando
como crianças que não precisam encarar as conseqüências das suas decisões. Enquanto
formos tolerantes com personagens com o Domenico de Masi, que afaga condescentemente
a nossa cabecinha, com o Lula e outros tipinhos que nos vendem sonhos
impossíveis ou com aquela quadrilha do PMDB, que não faz mas rouba. Ficamos
sonhando com uma sociedade sem elite, sem alta cultura, na qual os desejos se
realizam sem esforço enquanto os bandidos de esquerda e de direita ficam se
locupletando.
Notas
* A entrevista é antiga, mas só tomei conhecimento dela
agora.
** É interessante que a matéria foi reproduzida em um site
lulista chamando o Domenico de Masi de amigo do FCH. Sintomático.
*** A morte do Rio
Doce representa a falência do modelo socialista de FHC de agências reguladoras
que não regulam nada.
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