terça-feira, 20 de março de 2018

SUÍCIDIO DE ESTUDANTES DE MEDICINA: A "SOLUÇÃO" PODE SER PIOR QUE O PROBLEMA?

As autoridades médicas e universitárias estão preocupadas com a alta incidência de suicídio entre os estudantes de medicina. Os problemas relacionados ao uso de drogas e suicídio em médicos e estudantes de medicina são clássicos. A profissão é muito desafiadora, tanto intelectualmente quanto emocionalmente. A profissão é muito competitiva. A quantidade de informação que um médico precisa decorar - sim, decorar! - é brutal. Parece que a gravidade do problema tem aumentado.


O problema é realmente grave e me preocupa. Mas preocupa-me também o fato de que há autoridades procurando encontrar uma solução para o problema. Soluções para problemas sociais sempre têm efeitos colaterais. Efeitos colaterais que quase nunca são considerados pelos iluminados que formulam essas políticas. Ou então as soluções podem ser apenas inócuas, não resolvendo nada.

Meu maior medo é que sejam propostas "soluções" politicamente corretas do tipo:

a) Adotar uma pedagogia construtivista. Como o famigerado PBL (problem-based learning), pelo qual os alunos deixam de ter aulas e estudar disciplinas científicas (tais como fisiologia, farmacologia etc.) e passam a tentar resolver "problemas" usando o método de tentativa- e-erro;

b) Forçar a discussão de temas transversais tais como os direitos humanos, o transgenderismo, o machismo etc. nas aulas de genética;

c) Forçar os alunos a fazerem disciplinas de marxismo e psicanálise na FAFICH.

Tudo isso só pode ser conseguido às custas de uma redução nas cargas horárias de disciplinas irrelevantes tais como  genética, patologia etc.

Como se o curso de medicina já não fosse desafiador e difícil, ele precisa ficar chato também. Tipo esses caras que querem reduzir a violência desarmando a população de bem e armando apenas os bandidos. Deve ser algum tipo de remédio homeopático ou terapia reversa: "Se a taxa de suicídios é alta porque o curso é difícil, competitivo e chato, então vamos deixá-lo mais chato ainda. Vamos encher a paciência dos meninos até eles se convencerem de que o suicídio não é a solução".

Não sou especialista no assunto. Não sei qual é a solução. Se é que ela existe. Mas tenho certeza de uma coisa:  O problema não será resolvido tratando os estudantes de medicina como débeis.