quarta-feira, 31 de maio de 2017

MISÉRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL

Li no FaceBook sobre uma dissertação de mestrado apresentada por um rapaz descolado na Faculdade de Educação da UFJF. Parece que a defesa constituiu-se em uma espécie de happening. Se alguém não acreditar, por favor consulte o repositório de dissertações da UFJF. A orientadora é especialista na área de educação matemática. Sim, a coisa parece inacreditável, mas eu fui conferir. É verdade.

Não consigo parar de ficar chocado com essa história. Se era isso que o moço queria, ele conseguiu. Toda essa farsa testemunha a miséria da educação no Brasil. Miséria acadêmica porque não se trata de uma dissertação mas de acting out puro e simples. Miséria humana porque o moço é obviamente descompensado. Miséria das nossas crianças e adolescenes que podem ter um tipo desses como professor de "diversidade de gênero".

É claro que a sina das crianças e jovens que cairem nas garras desse tipo me preocupa. Seu destino será miserável. Mas não é menor a miséria da liberdade acadêmica ou "liberdade de cátedra". A autonomia e a liberdade de cátedra, junto com a universalidade, a formação e o trinômio ensino-pesquisa-exensão constituem os fundamentos da universidade de pesquisa ou universidade humboldtiana. Esse cara aí e sua orientadora perpetraram um atentado à saúde mental, à scholarship, mas sobretudo á liberdade de cátedra.

Há uns anos tive a oportunidade de trabalhar como revisor de projetos em uma entidade de fomento à pesquisa. Foi uma experiência riquíssima e muito diversificada. Uma coisa que me espantava eram determiinados projetos usando a tal "pesquisa qualitativa", os quais não tinham nem fundamentação teórica, muito menos objetivos claros. Uma das formulações mais típicas de tais projetos consistia no chavão de que o autor iria "problematizar" tal e tal assunto. Ora, o que significa problematizar? Problematizar a falta de senso dessa turma é o que eu estou fazendo aqui. Mas isso não é exatamente pesquisa.

Esses projetos não preenchiam os critérios mínimos de uma pesquisa científica, na minha modesta opinião. Isto é, se entendermos pesquisa como a testagem de hipóteses, como a busca de descrições objetivas de fenômenos e o eventual estabelecimento de relações de causa efeito.

Eu ficava pensando assim. Não é justo que eu aprove financiamento para uma coisa dessas. Isso não é pesquisa. Nem aqui nem na Conchinchina. Por que o pagador de impostos brasileiros precisa arcar com os custos dessa estrovenga? O negócio me causava tanto desconforto, que fico feliz em poder agora desabafar.

O desconforto era tamanho que eu sempre precisava discutir com os meus colegas de comitê. As respostas que eu ouvia era do tipo: "A universidade precisa ser inclusiva, acolhendo uma multiplicidade de perspectivas e metodologias"; "A liberdade de cátedra é um preceito fundamental que não pode ser violado" etc. etc.

E o meu desconforto crescia e crescia. Além de considerar que era um contrasenso econômico financiar tais "pesquisas" eu sentia e sinto que não é eticamente aceitavel financiar pesquisas que não apresentem uma metodologia adequada e que, portanto, não resultarão em nada que preste.

Como meu desconforto crescia e como eu não percebesse uma concordância de opinão e sentimentos por parte dos meus colegas, resolvi me considerar suspeito e parei de avaliar esse tipo de projeto.

Continuo suspeito e muito incomodado com esse estado de coisas. A constatação do ocorrido na UFJF só fez aumentar o meu desconforto.A maior ameaçada é a liberdade acadêmica. Essa farra já passou dos limites há muito tempo. Se isso perdurar, a liberdade acadêmica vai se esvaziar paulatinamente. Liberdade acadêmica não é liberdade para surtar nem para delinqüir. A liberdade de opinião é fundamental. Mas a racionalidade e o decoro também.



terça-feira, 30 de maio de 2017

A GAROTA GRITONA DE YALE E A INCUBAÇÃO DE IDIOTAS

Lá vem o chato do Vitor, de novo, conversar sobre correção política, "microagressões" e a perda de rumo da universidade contemporânea.

Hoje eu li um artigo muito interessante da Heather MacDonald sobre os objetivos da universidade. Nesse artigo ela relata um episódio ocorrido na Universidade de Yale em 2015. O qual tinha escapado à minha atenção.

A história é a seguinte. A esposa do diretor de uma das residências estudantis de Yale, ela também professora, caiu na asneira de passar um email para os estudantes dizendo que ela acreditava que os alunos já eram grandinhos o suficiente para tratar dos seus próprios assuntos. E que, portanto, ela não julgava necessário que uma policia dos costumes normatizasse sobre quais fantasisas de Halloween seriam eventualmente politicamente corretas e aceitáveis e quais não.

Para quê. O tal email desencadeou uma fúria politicamente correta dos estudantes das tais "minorias" de sempre, que se diziam ameaçados pelas eventuais fantasias de Halloween. Spooky costume!  Huuuuh!


O ponto alto da farra foi uma discussão entre o diretor da residência e um grupo de alunos revoltados. O cara manteve a linha o tempo todo. O que não aconteceu com uma moça, que viralizou na internet como a "garota gritona" deYale. A dona esfregou o dedo na cara do professor, gritou com ele, mandou-o calar a boca e, ainda por cima, falou palavras muito feias que não devem ser prounciadas em boa sociedade (Para um filme completo da cena veja aqui) (Aqui tem o link para um filme melhor ainda).

Quais foram as conseqüências administrativas e acadêmicas para a gritona de Yale? Ela sofreu algum tipo de suspensão, reprimenda etc.? Nadica. Suas fotos sorridentes podem ser encontradas na internet.


O que aconteceu com o professor e sua esposa? Tiveram que se desculpar com os alunos. Acho que é por essa razão que a menina anda tão sorridente por aí. Está rindo da cara do professor. A propósito, parece que ela não vem de nenhuma família desprivilegiada não.

As voltas que o mundo dá. Na internet tem um bate-papo  entre Christina Hoff Sommers e Camille Paglia, duas feministas com crednciais impecáveis mas que não perderam o bom-senso. Tem uma hora lá que elas fazem um comentário muito interessante e revelador das mudanças no espírito universitário.

Não sei se foi a Paglia ou a Sommers, mas uma delas comentou sua perplexidade com o que acontece nos campi americanos atualmente. Na sua juventude, as moças tinham hora para voltar para o dormitório e os rapazes não. O comportamento das moças era regulado por uma série de normas às quais os rapazes não se submetiam. A luta delas era pela abolição dessas normas e pela igualdade entre os sexos. 

Felizmente nós conseguimos isso. Eu participei dessa luta. Também fui estudante nos Anos 70 e lutei pela liberdade de expressão, igualdade entre os sexos e liberdade sexual. Nós conseguimos tudo isso. Hoje em dia os jovens podem transar à vontade sem que os adultos os perturbem. Nem por isso são mais felizes. 

E, paradoxalmente, agora reinvindicam mais supervisão por parte dos alunos, conforme observado na entrevista mencionada. Parece que a nossa geração estava mesmo errada. A falta de supervisão pode estar sendo tão prejudicial que os próprios estudantes estão reinvindicando.  Eles se sentem indefesos, imaturos. Querem que a mamãe universidade beije e assopre os seus dodóis emocionais. Parece que a liberdade e experiência sexuais não necessariamente trazem consigo o amadurecimento e a felicidade.


Quais foram as conseqüências a longo prazo? A rendição completa da Universidade de Yale à baboseira politicamente completa. O artigo de Heather MacDonald trata justamente disso. Ela discute um discurso recente do reitor de Yale para os calouros. O cara falou que o objetivo da universidade é que os alunos aprendam a desmascarar as "falsas narrativas".

Todos os exemplos de "falsas narrativas" que ele mencionou diziam respeito à Civilização Ocidental, a qual não passa de uma tramóia dos machos brancos, capitalistas e pagadores de impostos para oprimir os vitimizados de plantão. 

Engraçado, eu achava que a gente estuda e trabalha na universidade para aprender, para adquirir conhecimento, para pesquisar e buscar a verdade etc. etc. Mas parece que esses conceitos todos estão ultrapassados na Universidade de Yale, onde os pais pagam uma fortuna para idiotizar seus filhos.


Aqui no Brasil é pior ainda. Quem financia a idiotização dos estudantes não são as suas famílias mas os pagadores de impostos. Os custos da imbecilização são socializados. Para ficar apenas em um exemplo. Um bando de idiotas foi assistir à aula inaugural de Dilma Rousseff em uma das principais universidades do país esse ano. Pelo que se pode ver no filme, a galera delirou com as platitudes proferidas pela Dilma. Nós merecemos isso?


Até o reitor da Universidade de Yale é aderente ao discurso pós-modernista... Dá para entender. Reitoria é um cargo político. O cara precisa falar o que a galera quer ouvir. O problema é justamente com isso que a galera quer ouvir. Pensando melhor. A falta de reação das universidades universitárias não significa que elas tenham se tornado reféns do discurso politicamente correto. Longe disso. São as próprias autoridades universitárias que estimulam esse tipo de discurso. Os professores efetivos de hoje são os radicais da nova esquerda dos Anos 60. É através desse tipo de discurso que eles manipulam a massa de estudantes para suas finalidades políticas. Vide o caso das invasões às escolas e universidades ocorridas em 2016 no Brasil, as quais eram abertamente estimuladas por professores inescrupolosos.

Ingênuos nessa história são apenas os estudantes. Eles ganharam a liberdade sexual e de opinião como legado da nossa geração e estão jogando tudo na lata de lixo, promovendo a censura e a bitolação política.

P. S. Por que eu me fixo tanto na cena universitária americana? Por dois motivos bem simples. É de lá que as modas vêm, ainda que os nossos descolados adorem criticar o imperialismo ianque. Ao mesmo tempo, lá tem uma opinião crítica. A galera americana se idiotiza, mas nem todos perderam o senso comum nos EUA. Tem gente lá que observa o empobrecimento da cena intelectual e tem coragem de criticar.

domingo, 28 de maio de 2017

MICROAGRESSÕES = MACROCRETINICES

Christina Hoff Sommers, a feminista factual,  é uma scholar ligada ao American Entreprise Institute que tem um canal no YouTube. Ela postou recentemente um comentário sobre as tais "microagressões" que viraram trend nas universidades americanas.Vale a pena assistir ao seu post, que é muito instrutivo e divertido.

Ela comenta sobre um artigo recentemente publicado por Scott Lilienfeld, um dos maiores psicólogos clinicos da atualidade e pioneiro no desmascaramento da pseudociência na psicologia. O Lilienfeld demole as "microagressões" a marteladas: 1) Não há uma definição objetiva e coerente do que sejam as "microagressões"; 2) As percepções dos indivíduos pertencentes às categorias sociais supostamente vitimizadas são muito variáveis e a vitimização é típica apenas de uma minoria; 3) Não existem evidências científicas de que as "microagressões" sejam deletérias à saúde mental. Não é que as evidências sejam negativas. O assunto simplesmente não foi investigado de forma científica (Lilienfeld, 2017). 

Trata-se de mais um exemplo de um grupo de "ungidos" que faz uma pressuposição tosca e absurda e se arvora no direito de legislar, censurar e mudar o comportamento dos outros em função das suas crenças infundadas.


O  homem das microagressões se chama Derald Wing Sue e é professor do Teachers' College da Columbia University (Há mais de 100 anos uma faculdade ocupada unica e exclusivamente em promover a cretinice na área da pedagogia). Sabem o que tal Sue respondeu?

O cara respondeu que as evidências científicas reclamadas pelo Lilienfeld, tais como a utilização de instrumentos de medida válidos e delineamentos com poder para demonstrar relações de causa e efeito, constituem apenas mais um mecanismo de dominação dos oprimidos pela estamentos dominantes. Segundo Sue, o que importante é a experiência subjetiva da vítima (Sue, 2017).

O tal Sue precisa mesmo é ser sued. O cara quer fundamental políticas educacionais e regular o comportamento das pessoas em função da "experiência subjetiva". Parece que nós estamos reassistindo ao mesmo pesadelo das "memórias recuperadas" de suposto abuso sexual que infernizou a vida e até mesmo levou para a cadeia muito pai de família honesto. Simplesmente porque algum psicólogo inescrupuloso resolveu manipular pacientes susceptíveis (para a evidência científica, vide Loftus, 1993).

Estamos assistindo a uma coisa muito parecida agora. Parece o eterno retorno de um pesado. Nos campi americanos instalou-se uma verdadeira histeria coletiva. Alguém se sente ofendo por algum comentário casual e vai se queixar às autoridades universitárias. As universidades criaram departamentos especiais para investigar essas questões, bemo como serviços de disque-microagressão e  "safe houses" para as supostas vítimas se sentirem protegidas. Curiosamente, as autoridades que investigam os episódios são as mesmas que julgam e condenam os perpetradores de microagressões a programas de lavagem cerebral. E tudo isso com base na "experiência subjetiva" das supostas vítimas. Ninguém está a salva. A única atitude prudente é ficar de bico fechado.

Parece que muito pouca gente se dá conta de que muitas dessas supostas vítimas podem ter problemas psiquiátricos graves tais como psicopatia, personalidade histérica, personalidade  borderline etc. (O'Donohue & Redding, 2009). Os psicopatas, obviamente, agem de forma deliberada com intuito de prejudicar seus desafetos. Os borderline parece que ficam caçando exposição a situações traumáticas.

Mas tem uma outra categoria: os ungidos que se auto-enganam. São aqueles investidos pelas boas causas, os donos da verdade, os "sem preconceito" que querem reformar o mundo e para isso não se pejam de cometer as maiores barbaridades. Tudo vale em nome de uma boa causa.

Mas tudo isso é tabu. Não se pode "blame the victim". A vítima assume um caráter sacrossanto e o seu comportamento e intenções não podem ser questionados. O povo parece esquecer o básico de que a vitimização pode ser uma eficiente estratégia de manipulação social, a qual pode pegar os incautos e estraçalhar sua vida, muito mais do que qualquer suposta "microagressão".

Essa histeria coletiva pode estar relacionada a uma perda progressiva do senso de humor na sociedade americana. Os principais comediantes americanos se recusam cada vez mais a atuar nos campi universitários. Não existe humor a favor. No atual clima de mi mi mi, qualquer piadinha, por mais infame que seja, é magnificada à dimensão de uma catástrofe. A resiliência está em baixa. Parece que o povo pensa que não precisa enfrentar os percalços da vida, as incompreensões, a rivalidade mútua, ou os aborrecimentos da vida cotidiana. Qualquer coisinha dói e constitui motivo para pedir que a mamãe assopre e beije o dodói.

Mas aqui no Brasil, infelizmente, não é diferente. O povo de esquerda é engraçado. Eles criticam o imperialismo americano mas, ao mesmo tempo, tê o seu pensamento e sentimentos colonizados pelas ideologias alienígenas. Vou mencionar apenas dois exemplos recentes.

Um delegado de política do Distrito Federal foi martirizado na imprensa e no FaceBook porque falou o óbvio. Os principais perpetradores de abuso físico, sexual e moral são os pais adotivos. A trocada seriada de parceiros sexuais que vêm a conviver com a família constitui um dos principais fatores de risco. Quem se atreve a dizer o óbvio é demonizado como fascista,  como alguém que se compraz em "responsabilizar a vítima".

Outro exempolo: Tem gente defendendo a cracolândia em São Paulo! Se você falar que essa turma está fora da casinha e que se trata de esquerdopatas, isso constituirá mais uma instância de microagressão. Portanto, fique de bico calado, e faça de conta de que a cracolândia é a coisa mais normal do mundo. Um modelo, inclusive, de organização social. Uma "comunidade". 

Modéstia à parte, eu falo sobre esse assunto com propriedade. Não apenas estudo bastante o assunto, mas tenho a autoridade moral de ter vivenciado na carne as conseqüências das "microagressões". Tenho experiência subjetiva. Como perpetrador de microagressões no caso.

No dia 26 de outubro de 2016 eu quis dar aula na UFMG, mas o Centro de Atividades Didáticas II tinha sido invadido por uma turba que eu qualifiquei de "fora da casinha" e de "esquerdopatas". Para  quê. Fui mexer com o vespeiro e acabei vítima de uma campanha de assassinato de reputação pelo FaceBook. Uma campanha de macro-agressão, portanto. É o que dá mexer com os louquinhos. Eles se revestem de um caráter sacrossando que é vedado aos sãos.

Enquanto isso os terroristas muçulmanos seguem se explodindo pelo mundo afora e levando consigo inclusive criancinhas. E os ungidos se comprazem em demolir por dentro os fundamentos da Civilizaçaão Ocidental, que os tolera e, por vezes paradoxalmente, até mesmo estimula.


Referências

Lilienfeld, S. O. (2017). Microaggressions: strong claims, inadequate evidence. Perspectives on Psychological Science, 12, 138–169.

Loftus, E.F. (1993). The reality of repressed memories. American Psychologist, 68(5),
518–537.

O'Donohue,  W. & Redding, R. E. (2009). The psychology of political correctness in higher education. In R. Maranto, R. Redding, & F. M. Hess (eds.) The politically correct university. Problems, scope and reforms (pp. 99-120). Washington, DC: American Entrerprise Institute.

Sue, D. W. (2017).  Microaggressions and "evidence". Perspectives Psychological Science, 12, 170-172.

sábado, 27 de maio de 2017

MORAL E PÓS-MODERNISMO




Roger Kimball comentando sobre o livro de James Q. Wilson

http://www.newcriterion.com/articles.cfm/James-Q--Wilson-on-the-moral-sense-4796

terça-feira, 23 de maio de 2017

PARTIDARISMO POLÍTICO: AS ARTIMANHAS DOS MOTIVOS MORAIS E DO AUTO-ENGANO

O debate político está acirradíssimo no mundo inteiro. Militantes politicamente corretos agridem palestrantes politicamente incorretos nas universidades americanas. Pesquisadores politicamente incorretos não têm vez na academia. Alunos evangélicos são hostilizados nas universidades. Amizades são desfeitas no FaceBook e outras redes sociais em função de desavenças políticas. As bases moral-psicológicas e neuroevolucionárias do partidarismo político foram recentemente discutidas em um artigo que pode ser acessado gratuitamente na internet (Haase & Starling-Alves, 2017). Nesse texto vou retomar algumas das questões discutidas no artigo mencionada e aprofundar a discussão das mesmas. Basicamente, procurarei identificar modelos neurocognitivos que nos ajudem a compreender os motivos morais subjacentes às diferenças político-partidárias.

Obs. Esse texto vai subsidiar minha apresentação sobre a psicologia moral e as bases neuroevolucionárias do partidarismo político no Brain 2017 - World Congress of Brain, Behavior, and Emotion, em Porto Alegre, no dia 15 de junho.

Segundo Haidt (2012), a origem da polarização política pode estar relacionada a emoções morais. As evidências científicas contemporâneas sã compatíveis com um modelo denominado de intuicionismo moral. Primeiro as pessoas reagem emocionalmente a estímulos eventos moralmente carregados e depois procuram justificar racionalmente suas decisões.

O intuicionismo moral de se baseia no trabalho de diversos pesquisadores, tais como António Damasio (1995), o qual descobriu que os déficits na tomada de decisão moral de pacientes com lesões prefrontais ventromedial se devem à falta de intuição quanto às conseqüências das suas ações. Essas intuições morais ou representação do valor hedônico associado aos desfechos decisórios depende de estímulos viscerais, os quais não são conscientemente percebidos pelo indivíduo, mas são integrados no nível do córtex prefrontal e influenciam o processo de tomada de decisão.

Haidt, Koller e Dias (1994) demonstraram que, frente a situações moralmente carregadas, as pessoas primeiro reagem emocionalmente e depois tentam racionalizar suas opções. Haidt e colaboradores utilizaram-se de vinhetas descrevendo situações envolvendo violações de alguns princípios morais, principalmente de pureza e respeito à autoridade, os quais eram inócuos do ponto de vista utilitarista. Ou seja, não ocorriam prejuízos a nenhuma das partes envolvidas. Mesmo assim, os eventos narradas desencadevam fortes sentimentos de repulsa moral. Instados a justificar seus juízos morais, os indivíduos demonstravam perplexidade e tentativam racionalizar suas opções.

O déficit na intuição quanto às conseqüências hedônicas das decisões morais leva os pacientes com lesões no córtex prefrontal ventromedial a endossarem soluções utilitaristas para problemas emocional e moralmente carregados similares à queles investigados por Haidt e cols. (Koenig et al., 2007). Estudos com métodos de neuroimagem funcional corroboraram essa hipótese de que primeiro as pessoas reagem emocionalmente a essas situações emocionalmente carregadas, seguindo-se as tentativas racionais de justificação das decisões morais (Greene, 2013). As reações emocionais se associam à ativação de estruturas límbicas córtico-subcorticais mediais e as tentativas de racionalização à ativação do córtex prefrontal dorsolateral, uma área tradicionalmente envolvida com o pensamento dedutivo racional.

As pesquisas antropológicas de Richard Shweder (vide Shweder et al., 2008) sugerem que a moralidade humana deriva de uma meia dúzia de motivos emocionais, os quais constituem universais culturais. O repertório básico de motivos morais é o mesmo. As diferenças culturais se devem aos pesos distintos atribuídos a cada motivo.

O repertório de motivos morais compreende o cuidado ou caridade, a  lealdade, a liberdade, a justiça, a autoridade e a pureza. As sociedades tecnologicamente mais avançadas e individualistas acentuam motivos morais relacionados com a liberdade e a justiça. Por outro lado, sociedades mais trandicionais e coletivistas enfatizam motivos morais relacionados à autoridade, lealdade e pureza (Haidt, 2012, Shweder et al., 2008).

Cada um desses motivos morais se fundamenta em sistemas neurocognitivos distintos, os quais constituem mecanismos adaptativos estáveis na espécie humana. P. ex., os motivos de cuidado e lealdade se fundamentam no sistema de afiliação, o qual evoluiu adaptivamente para o cuidado da prole e para a formação e manutenção de coalizaões entre os membros de uma mesma espécie (Lieberman, 2013). O sistema afiliativo é integrado tanto em nível subcortical (regulação hipotalâmica do comportamento reprodutivo) quanto em nível cortical (sistema de leitura das mentes alheias).

O dilema do prisioneiro é um modelo oriundo da teoria dos jogos que permite compreender os mecanismos implicados no mecanismo moral de lealdade. No dilema do prisioneiro os participantes se defrontam com uma situação na qual eles se beneficiam se forem leais um ao outro. Porém, caso um dos participantes resolva trair, o outro fica muito prejudicado. As pesquisas mostram que em episódicos únicos do jogo e com participantes desconhecidos, a tendência é optar pela estratégia de traição. Por outro lado, jogos iterativos com participantes conhecidos permitem a evolução de estratégias cooperativas para manejar a situação. Os estudos de neuroimagem funcional mostram padrões complexos de ativação em situação de dilema do prisioneiro (Rilling et al., 2008). De um modo geral, as reações à defecção se associam a ativação de estruturas córtico-subcorticais ventrais, tais como a amígdala e a ínsula. As estratégias cooperativas desencadeiam ativações de estruturas corticais dorsais, tais como o córtex prefrontal dorsolateral.

O motivo moral associado à pureza e santidade deriva da emoção primária de nojo ou repulsa a alimentos potencialmente contaminados. Ao se converter em contaminação moral, determinados comportamentos e atitudes desencadeiam reações similares àquelas eliciadas por alimentos putrefatos ou venenosos. Estudos neuropsicológicos indicam que o córtex insular pode desmpenhar um papel importante no desencadeamento das reações de nojo (Vicario et al., 2017).

A organização hierárquica é uma característica social importantíssima de todos os primatas, a qual cumpre importante função estabilizadora do grupo.  As bases neurobiológicas da hierarquia social envolvem mecanismos complexos de dominância e submissão implementados por sistemas hormonais e por múltiplos circuitos no prosencéfalo basal (Watanabi & Yamammoto, 2015). Sapolsky (2005) distinguiu dois padrões de hierarquia em primatas. A hierarquia pode se basear da dominância física, como exemplificado por babuínos. Nesse caso, os níveis de estresse são mais altos no animal dominante, uma vez que sua posição está sendo constantemente ameaçada por rivais em potencial. A organização sócio-sexual dos chimpanzés constitui um modelo de hierarquia fundamentada na política. Como um macho sozinho não consegue subjugar um bando de cerca de 20 indivíduos ou, formam-se alianças entre machos aparentados os quais subjugam os demais membros do grupo. No caso da hierarquia política os níveis de estrese são mais altos  no indivíduos subalternos. Na espécie humana a organização hierárquica é sócio-política. Isso se reflete em maiores níveis de estresse e pior saúde física e mental em indivíduos das classes sociais mais baixas (Sapolsky, 2005).
Um modelo da teoria dos jogos pode ser usado também para compreender situações que violam os princípios da liberdade e da justiça. No Ultimatum Game um indíviduo recebe uma quantia de dinheiro para repartir entre ele e outro participante. A condição é que a oferta seja aceita pelo outro participante. Se a proposta for muito desigual, ou seja, menor do que 30% a 40%, a mesma tende a ser rejeitada em todas as culturas humanas (Henrich et al., 2006). O jogo do Ultimatum Game também se associa a padrões complexos de ativação em estruturais corticais e subcorticais ventrais e dorsais (Rilling et al., 2008).

O conceito de liberdade se fundamenta na noção de livre arbítrio decisório. Ou seja, na noção de que os humanos são agentes do seu destino e senhores da sua vontade. Violações do princípio da liberdade desencadeiam sentimentos de raiva, revolta e ressentimento. O conceito de livre arbítrio tem uma função adaptativa perceptível, constituindo a base jurídica da organização social. Estudos neurocientíficos recentes indicam, entretanto, que a noção de livre arbítrio pode resultar de truques que o nosso cérebro nos prega. Libet (2002) se  notabilizou por um paradigma experimental no qual um participante deve deve mover um dedo ao mesmo tempo em que registra mentalmente através de um ponteiro de relógio visível o momento exato em que “toma a decisão” de movê-lo. O achado paradoxal consiste no fato de que um potencial de  prontidão, um indicador neurofisiológico do processo decisório, começa a se formar alguns milissegundos antes de que a pessoa tenha consciência da sua decisão. O processo decisório envolve uma integração de circuitos reentrantes entre o córtex parietal e prefrontal dorsolateral, os quais a qual é gradualmente construída no tempo antes de acessar a consciência.

Depois desse longo preâmbulo, chego finalmente às bases moral-psicológicas do partidarismo político. Haidt e colaboradores (Graham et al., 2009, Haidt, 2012, Iyer et al., 2015) descobriram que as diferenças quanto às preferências partidárias provavelmente se baseiam em traços de personalidade que levam os indivíduos a atribuírem pesos distintos aos diferentes motivos morais.

As pessoas de esquerda tendem a enfatizar os motivos morais relacionados ao cuidado e à justiça entendida como igualdade de resultados (Graham et al., 2009). As pessoas de direita endossam uma paleta moral mais diversificada e equilibrada entre os diversos motivos morais, incluindo liberdade, justiça como igualdade de oportunidades, autoridade, lealdade e pureza.

Os conceitos de justiça e de liberdade são divisores de água políticos. Enquanto os esquerdistas priorizam a justiça como igualdade de resultados, os direitistas endossam enfatizam a justiça como igualdade de oportunidades. As diferentes posições políticas diferem também quanto ao conceito de liberdade (Berlin, 2002). A esquerda preconiza o conceito de liberdade como direitos humanos. Já os direitistas enfatizam o conceito de liberdade como autonomia ou ausência de interferência.

Mais recentemente tem crescido de importância uma posição política denominada de libertarianismo. A doutrina libertária deriva do liberalismo econômico clássico e da noção de auto-organização social e econômica. Segundo essa perspectiva, os mecanismos de auto-organização funcionam como se fossem uma mão invisível que equilibra os diferentes interesses humanos. Em função desses pressupostos os libertários colocam como prioridade absoluta o conceito de liberdade como autonomia (Iyer et al, 2015). Comparativamente aos esquerdistas, os libertários são menos empáticos. Comparativamente aos direitistas, os esquerdistas e libertários demonstram menor consideração pela autoridade e tradição e maior abertura às novas experiências. Como mencionado anteriormente, os direitistas endossam uma paleta moral mais equilibrada,  que não se restringe aos motivos de liberdade e justiça, mas inclui também a pureza, a autoridade, a lealdade e o cuidado (Haidt, 2012).

A fundamentação das escolhas políticas em motivos morais emocionalmente carregados pode explicar o fato de que o partidarismo político é tão exarcebado. Segundo Haidt (2012), as emoções morais agregam e cegam. Ou seja, ao mesmo tempo que os motivos morais contribuem para aumentar a coesão em um determinado grupo social, os mesmos se tornam virtualmente impossibilitados de apreender as perspectivas alternativas.

O fanatismo político pode ser explicado pel auto-engano, uma estratégia social evolutivamente estável em humanos (von Hippel & Trivers, 2011). A evolução social humana envolve uma verdadeira corrida armamentista sócio-cognitiva envolvendo mecanismos cooperativos e competitivos (Geary, 2005). Grupos sociais socialmente coesos e cooperativos tendem a se sobrepor sobre grupos menos cooperativos. Ao mesmo tempo, mecanismos competitivos são adaptativos em interações antagônicas entre coalizões rivais.

A hipótese do auto-engano se baseia na constatação de que a tentação de enganar o próximo é muito grande nas interações sociais. A essa prática se contrapõem mecanismos de detecção de trapaça. Isso criou uma verdadeira corrida armamentista. À medida que evoluíram mecanismos cada vez mais sofisticados de detecção de trapaça, surgiu a necessidade de mecanismos mentais que se contrapusessem aos mesmos (von Hippel & Trivers, 2011). A mentira é custosa do ponto de vista cognitivo e emocional. A mentira exige que o indivíduo mantenha e processe simultaneamente duas versões de um mesmo evento, a verídica e a falsa. Ao mesmo tempo, o indíviduo precisa suprimir reações emocionais e viscerais involuntárias que possam trair seu engodo.

von Hippel e Trivers (2011) propuseram que o auto-engano cumpre uma importante função adaptativa em uma espécie social cujo comportamento se baseia em um jogo sutil entre engodo e detecção de trapaça. Uma falsa crença aumenta a eficiência do engodo, uma vez que reduz a sobrecarga emocional e cognitiva, além de diminuir a chance de desmascaramento. Mente melhor, quem mente com convicção. A estratégia evolutivamente estável de auto-engano pode então ser considerada como a raiz dos mecanismos psicológicos inconscientes. Uma função adaptativa adicional do auto-engano é cumprida pelas ilusões positivas. Ou seja, pela crença na própria capacidade, na natureza benevolente do mundo e no otimismo quanto ao futuro. A perda das ilusões positivas, sob a forma de realismo pessimista, é uma das principais características da depressão.

As principais evidências quanto aos mecanismos neurais envolvidos no auto-engano vêm de síndromes neuropsicológicas nas quais o indivíduo apresenta dificuldade para reconhecer suas próprias emoções bem como dificuldades de memória, ou déficits físicos ou cognitivos (Hirstein, 2005, Lane et al., 2015). Nessas condições clinicas, a pessoa não percebe algum aspecto importante da realidade, nega essa dificuldade e tende a confabular. As estruturas neurais implicadas são o córtex prefrontal ventromedial (Hirstein, 2015) e a rede default de atividade cerebral responsável pela introspecção e cognição social (Lane et al., 2015).

Um dos casos mais interessantes de auto-engano é representado pelo conto do vigário. Os vigaristas tais como Macunaíma, Pedro Malasartes, Till Eulenspiegel, Lazarillo de Tormes etc. são personagens clássicas da literatura universal. A dinâmica do conto do vigário funciona assim: um indivíduo que se julga esperto aceita uma oferta tentadora  sendo logrado por outro que é mais esperto ainda. Pacientes com lesões do córtex prefrontal ventromedial são especialmente susceptíveis ao conto do vigário (Damásio, 1995).

É preciso ressaltar que os exemplos mencionados não implicam que as pessoas que se auto-enganam apresentem algum tipo de lesão cerebral. Ao mesmo tempo que existem síndromes neuropsicológicas cujo sintoma principal é o auto-engano, também devem existir variantes de jardim do auto-engano. Ou seja, auto-engano causado por padrões distintos de ativação cerebral porém dentro da variabilidade normal, os quais caracterizam os traços de personalidade (Whittle et al., 2006).

O extremismo político e o populismo podem ser considerados casos ilustrativos de auto-engano. A pessoa que subscreve ardentemente uma determinada posição política, considera-se ungida pelo bem e pela racionalidade. Tudo é permitido por uma causa que promove o bem da Humanidade (Trotsky, 1973). O populismo funciona assim: Uma população carente por um líder populista que oferece mundos e fundos. Isso somente ocorre porqaue as pessoas não conseguem perceber que não existe almoço grátis (Friedman & Friedman, 1980). Ou seja, que tudo o que é produzido exige esforço e perseverança.



As diferenças de posicionamento político podem ser analisadas em função de uma meia dúzia de emoções ou intuições morais que causam divergências entre os diversos partidos. Os principais pomos da discórdia são as noções de igualdade, liberdade, cuidado, lealdade, autoridade e pureza. Só para dar um exemplo. Enquanto esquerdistas valorizam sobremaneira a igualdade e o cuidado, conservadores distribuem seus valores morais de forma mais equilibrada entre os diversos motivos. O debate político não tem fim. Nâo tem vencedores e não tem vencidos. Nâo pode ser resolvido em termos racionais porque não se fundamenta na lógica e na evidência, mas sim em diferentes concepções éticas. Essas diferenças são acentuadas pelo mecanismo de auto-engano. O auto-engano é uma estratégia evolutiva poderosa que permite formas mais eficazes de manipulação social. A mentira só obtém êxito quando o mentiroso se convence de que é a alma mais pura do universo.


Referências

Berlin, I. (2002). Liberty. Oxford: Oxford University Press.

Damásio, A. (1995). Descartes’ error: emotion, reason, and the human brain. New York: Harper.

Friedman, M., & Friedman, R. (1980). Free to choose. A personal statement. New York: Harcourt, Brace, Jovanovich.

Geary, D. C. (2005). The origin of mind. Evolution of brain, cognition and general intelligence. Washington, DC: American Psychological Association.

Graham, J., Haidt, J., & Nosek, B. A. (2009) Liberals and conservatives rely on different sets of moral foundations. Journal of Personality and Social Psychology, 96, 1029–1046.

Greene, J. (2013). Moral tribes. Emotion, reason, and the gap between us and them. New York: Penguin.

Haase, V. G. & Starling-Alves, I. (2017). In search of the moral-psychological andneuroevolutionary basis of political partisanship. Dementia & Neuropsychologia, 11, 15-23.

Haidt, J. (2012). The righteous mind. Why good people are divided by politics and religion. New York: Pantheon.

Haidt, J. Koller, S. H., *& Dias, M. G. (1993). Affect, culture, and morality, or is it wrong to eat your dog? Journal of Personality and Social Psychology, 65, 613-628.

Henrich, J., McElreath, R., Barr, A., Ensminger, J., Barrett, C., Bolyanatz, A., Cardenas,  J. C., Gurven, M., Gwako, E., Henrich, N., Lesorogol, C., Marlowe, F., Tracer, D., & Ziker, J. (2006).
Costly punishment across human societies. Science, 312, 1767-1770.

Hirstein, W. (2005). Brain fiction. Self-deception and the riddle of confabulation. Cambridge, MA: MIT Press.

Iyer, R., Koleva, S., Graham, J., Ditto, P., & Haidt, J. (2015). Understanding libertarian morality: the psychological disposition of self-identified libertarians. PLOS One, 7, 8, e42366.

Koenig, M., Young, L., Tranel, D., Cushman, F., Hauser, M., & Damasio, A. (2007). Damage to the prefrontal cortex increases utilitarian moral judgments. Nature, 446, 908-911.

Lafarge, G. & Sirigu, A. (2004). La volonté d’agir est-elle libre? Cerveu & Psycho, 6, 79-83.

Lane, R. D., Weihs, K. L., Herring, A., Hishaw, A., & Smith, R. (2015). Affective agnosia: expansion of the alexithymia concept and a new opportunity to integrate and extend Freud's legacy. Neuroscience and Biobehavioral Reviews, 55, 594-611.

Libet, B. (2002). The timing of mental events: libet’s experimental findings and their implications. Consciousness & Cognition, 11, 291-299.

Lieberman, M. (2013). Social. Why our brains are wired to connect. New York: Oxford University Press.

Rilling JK, King-Casas B, Sanfey AG. (2008). The neurobiology of social decision-making. Current Opinion in Neurobiology, 18, 159-165.

Sapolsky, R. M. (2005). The influence of social hierarchy on primate health. Science, 308, 648-652.

Shweder, R. A., Haidt, J., Horton, R., & Joseph, C. (2008). The cultural psychology of the emotions. Ancient and renewed. In M. Lewis, J. M. Haviland-Jones & L. F. Barrett (eds.) Handbook of emotions (3rd. e., pp. 409-427). New York: Guilford.

Trotsky, L. (1973). Their morals and ours. New York: Pathfinder.

Vicario, C. M., Rafal, R. D., Martino, D., & Avenanti, A. (2017). Core, social and moral disgust are bounded: A review on cognitive and neural bases of repugnance in clinical disorders. Neuroscience and Biobehavioral Reviews, no prelo (doi: 10.1016/j.neubiorev.2017.05.008).

von Hippel, W. & Trivers, R. (2011). The evolution and psychology of self-deception. Behavioral and Brain Sciences, 34, 1-56.

Watanabe, N, & Yamamoto, M. (2015). Neural mechanisms of social dominance. Frontiers in Neuroscience, 9, 154. (doi: 10.3389/fnins.2015.00154. eCollection 2015).

Whittle, S., Allen, N. B., Luban, D. I. & Yücel, M. (2006). The neurobiological basis of temperament: Towards a better understanding of psychopathology. Neuroscience and Biobehavioral Reviews, 30, 511–525.