terça-feira, 17 de abril de 2018

PRODUTIVISMO VS. CIÊNCIA LERDA E ATIVISMO POLÍTICO

Há um tempo um colega europeu me contou que esteve trabalhando no Brasil por algumas semanas no final de 2016. Justamente na época das invasões bárbaras das universidades. O cara me contou que os colegas brasileiros o aconselharam a ficar longe da universidade. Porque poderia, inclusive, ser perigoso. (Sábio conselho, que eu deveria ter seguido.) Quer dizer, o cara veio ao Brasil se propondo a trabalhar, mas não foi bem isso que ele conseguiu fazer. 
Não pude evitar a idéia de que, enquanto os professores e estudantes brasileiros estavam querendo consertar o País e o Mundo, os seus colegas na Europa, América do Norte e Extremo Oriente estavam trabalhando. Doing their business as usual. Ou seja, estudando, ensinando, pesquisado e produzindo conhecimento.



Uns poucos dias depois participei de um encontro de professores universitários brasileiros. Como não poderia deixar de ser, nessas ocasiões sempre tem alguém que fica reclamando dos critérios de produtividade da CAPES para os programas de pós-graduação e se põe a teorizar sobre uma suposta antinomia entre quantidade e qualidade na pesquisa etc. Alguns teorizam até mesmo sobre uma tal slow science. Ou não seria ciência lerda? Não pude deixar de pensar que, enquanto alguns professores brasileiros se propõem a retardar o ritmo da pesquisa científica, o resto do mundo continua produzindo e acelerando. 

Fico então me perguntado: Que compreensão de mundo fundamenta o retardamento da pesquisa e o ativismo político na universidade?




Só me ocorre uma analogia. Essa turma da ciência lerda e do ativismo político na universidade é como aquele menino rebelde que se comporta mal em sala de aula, se recusa a fazer o para casa, recusando-se, enfim, a aprender. Enquanto isso seus colegas se comportam direitinho, fazem o para casa e, voilà… aprendem.