Ontem topei com um ensaio fantástico do Bertrand
Russell sobre a sacralização dos oprimidos. A superioridade moral das vítimas é
inconteste, mesmo que as “microagressões” sejam imaginárias. Indivíduos de
determinadas categorias sócio-demográficas constituem-se em vítimas
preferenciais e seu comportamento não pode ser questionado de forma alguma.
Vivemos na era do politicamente correto a achamos que tudo isso é um grande novidade.
Ledo engano. Lord Russell já tinha sacado isso há 90 anos e sua sabedoria me
incitou a uma série de reflexões.
Em me considero um fruto temporão do Maio de 68.
Quando Paris ferveu eu tinha onze anos. Ainda era muito moleque para ir para as
barricadas. Mas acompanhei tudo atentamente. Morava no interior e acompanhava
semanalmente toda a farra intelectual brasileira e mundial através do Pasquim.
Minha geração só desabrochou mesmo na Década de 1970. Nossas bandeiras era a
liberdade sexual para os jovens e a democracia.
A geração que nós colocamos no mundo e criamos pode
ser chamada de Geração Mi-mi-mi ou Geração dos Ofendidinhos, como fala p Luiz
Felipe Pondé. Eles andam doidos por uma causa pela qual lutar. Como têm (quase)
tudo - democracia, conforto material e liberdade sexual – precisam
desesperadamente inventar uma coisa, alguma coisa contra a qual se rebelar.
Nós vimos isso no ano de 2016 durante as invasões
de escolas e universidades. Na falta de uma ditadura real, eles inventam uma.
Que só existe na cabeça deles e dos seus professores saudosistas dos tempos de
Maio de 68. Põem-se todos então a brincar de centro acadêmico, lutando
quixotescamente contra inimigos imaginários e enchendo a paciência daqueles que
querem apenas tocar a vida.
Como os inimigos
externos andam em falta, eles se põem a caçar fantasmas internos. As crises
existenciais abundam. Tudo se transforma motivo para crises que
problematizações. Tudo que exista no mundo e não se adeque à fantasia ou desejo
dos mimizentos. Parecem e são adolescentes padecendo de auto-referência. Tudo
no mundo gira em função do seu umbigo, das suas necessidades subjetivas. A
perspectiva das outras pessoais e a realidade são secundárias. O próprio
conceito de realidade tem sido questionado. A realidade só existe na
representação, tal como reconstruída pelo sujeito.
Esse narcisismo moral tem uma dupla origem, sendo
influenciados por fatores interativos. De
um lado estão os maus-tratos e a negligência. A psiquiatria tem
demonstrado repetidamente que os maus tratos na primeira infância constituem um
dos principais fatores de risco para doença mental. A vivência de maus tratos é
fator de risco para comportamento anti-social, principalmente nos meninos, e
depressão, principalmente nas meninas. A intensidade dos maus tratos varia.
Felizmente, os casos de crianças abusadas moral, física e sexualmente
constituem uma minoria. Na maioria das vezes se trata de indivíduos que não
ganharam carinho suficiente dos pais porque esses estavam ocupados com suas
carreiras ou com seus próprios desejos. Ou então crianças que não têm acesso a
tantos bens materiais quanto seus coleguinhas e perdem a competição do consumo
conspícuo.
O segundo fator associado ao narcisismo moral e
intelectual é a auto-indulgência. A qual freqüentemente interage com a
negligência parental. Os páis estão mais preocupados com a satisfação dos seus
desejos. Afinal, todo mundo tem direito à felicidade. Se o casamento vai mal,
os pais se separam. A promiscuidade sexual é grande e, portanto, as tentações.
O resultado são os ciúmes e o conflito conjugal. Os pais estão envolvidos em
uma agenda auto-indulgente na qual os
interesses e necessiaddes dos filhos fica em posição bem secundária.
Como forma de compensar a falta de cuidado e
carinho, os pais entopem as crianças de brinquedos, gadgets etc. Decretou-se o
consumismo desenfreado, muitas vezes às custas de muito sacríficio do orçamento
familiar. Como não têm tempo para os filhos e se sentem culpados por isso, os
pais não conseguem disciplinar as crianças. E são reforçados nisso pela
ideologia pedagógica romântico-construtivista. Espera-se da criança, p. ex.,
que ela desenvolva seus valores morais por conta própria, sem qualquer forma de
coerção etc. etc.
A Geração dos Ofendidinhos é o fruto dessa cultura
auto-indulgente. O valor supremo é a gratificação dos desejos. Tudo o que se
oponha a isso constitui em uma ofensa grave. O desfecho desse processo é a
ideologia do politicamente correto e a cultura da microagressão e vitimização
que teve origem nos EUA, mas se espalhou pelos campi universitários do mundo
inteiro.
No dia 26 de outubro de 2016 eu fui dar minha aula
de neuropsicologia no
CAD-II da UFMG e encontrei o prédio invaido por um bando de remelentos que estavam violando meu direito constitucional de trabalhar. Deixei isso claro pra eles. Falei que eles são moleques, infantis, imaturos, narcisistas, inocentes úteis quese deixam manipular por esquerdopatas etc. etc. Causei!
CAD-II da UFMG e encontrei o prédio invaido por um bando de remelentos que estavam violando meu direito constitucional de trabalhar. Deixei isso claro pra eles. Falei que eles são moleques, infantis, imaturos, narcisistas, inocentes úteis quese deixam manipular por esquerdopatas etc. etc. Causei!
O rebuliço foi tanto que virei alvo de uma campanha
de assassinato de reputações, tanto on line pelas redes sociais, quanto ao
vivo, em uma assembléia departamental acontecida de forma totalmente irregular,
em desrespeito a todas as normas acadêmicas vigentes. Como eu disse, causei!.
Fui mexer com o vespeiro e me tornei alvo das ferroadas. Não me arrependo.
Abrir a boca custou caro. Mas fechar a boca tem me
custado mais caro ainda ao longo de mais de vinte anos. Eu estabeleço uma
distinção nítida entre ter que agüentar colegas em reuniões de colegiados
deitando barbaridades esquerdistas como se fossem as verdades mais óbvias do
mundo, por umlado, e ter meus direitos constitucionais cerceados, por outro.
Acho que com esse processo das invasões os limites da decência foram
ultrapassados.
O aspecto mais notável e defnitório da Geração dos
Ofendidinhos é a vulnerabilidade a ofensas reais e imaginárias. Trata-se de uma
geração de dependentes morais. São como aquelas crianças que entram em conflito
com os coleguinhas, não sabem resolver a parada e saem correndo e chorando a
pedir ajuda dos adultos.
Criaram-se algumas categorias sócio-demográficas
sacrossantas, os pobres, os negros, as mulheres, os LGBTs, os muçulmanos etc.
Qualquer crítica ao comportamento de uma pessoa que se identifique a uma dessas
categorias é motivo de ofensa. É interessante notar que os cristão não são
incluídos nessa lista, apesar de serem o grupo religioso mais perseguido no
mundo atual. É que a definição da ofensa ao politicamente correto não depende
de critérios objetivos.
Basta que alguém de alguma das categorias
mencionadas acima se sinta ofendido para que a microagressão seja
caracterizada. A ofensa pode,
inclusive, ser não-intencional. Nâo importa. Basta que alguém das
categorias sacrossantas se sinta
molestado.
Há muito a coisa ultrapassou o limitedo ridículo.
Vejam o que aconteceu na Emory University no segundo semestre de 2016. A Emory
sediou o primeiro debate entre Trump e Hillary. Ao invés de se sentirem
honrados pela escolha da universidade como palco de um dos eventos políticos
mais importantes da temoradas, muitos alunos resolveram dar xilique. Foram se queixar à reitoria da Emory que se
sentiam molestados pela presença do Donald Trump no campus. A primeira reação
da reitoria foi criar uma infraestrutura para atender os ofendididos. Foi
criada uma safe house, foram disponibilizdas linhas diretas e serviços de
aconselhamento etc. Até que o negócio virou piada nacional nos EUA e a própria
reitoria se deu conta do ridículo em que havia incorrido.
Essa é a toada que nos embala. As susceptibilidades
dos ofendidinhos faz com que professores e estudantes fiquem pisando em ovos.
Cerceia o debate. As pessoas ficam constrangidas de emitir sua opinião em um
seminário e se omitem. Nunca se pode saber quando alguém vai se sentir ofendido
sabe-se lá por quais razões.
O obsessão com as microagressões está criando toda
uma série de dispositivos institucionais e legais para punir severamente os
infratores. No Brasil já temos um verdadeiro arsenal legislativo. Aos poucos
vai se instituindo a categoria penal do
crime de opinião, própria dos regimes totalitários. Nos EUA eles vão mais além.
Tem toda uma estrutura de aconselhamento para os ofendidinhos e programas
compulsórios de treinamento em boas maneiras politicamente corretas para os
perpetradores recalcitrantes de microagressões.
Toda essa histeria coletiva lembra muito a polêmica
das lembranças recuperadas no início dos anos 1990. Começou novamente nos EUA e
também novamente acabou se espalhando pelo mundo a mania de acusar os pais de
abuso sexual na primeira infância.
Sabe-se que antes dos três anos de idade a criança
não consegue formar memórias episódicas estruturadas, verbalmente acessíveis,
integradas e referenciadas no self e temporalmente organizadas. Mesmo assim,
muitos terapeutas inescrupulosos começaram a convencer seus clientes de que
suas lembranças fragmentários e sonhos poderiam estar relacionados a episódios
de abuso sexual supostamente sofridos na primeira infância e posteriormente
reprimidos. Foi uma verdadeira histeria. Familias foram destruídas por causa
disso.
O principal efeito da histeria das lembranças
recuperadas pode se relacionar, entretanto, à detecção de casos de abuso sexual
verdadeiro. Como houve muitos casos de acusações falsas ou fantasiosas, sempre
surge a dúvida quanto à veracidade das acusações baseadas na memória.
Uma coisa parecida está acontecendo com as
microagressões politicamente incorretas atuais. Como não há critérios objetivos
para caracterizar o que é o que não é uma microagressão, alguns indivíduos
inescrupulosos e/ou mentalmente perturbados estão se utilizando de acusações
falsas para obter vantagens ou para se vingar de desafetos. Como as vitimas em
potencial foram sacralizadas e não se requer provas, os supostos perpretadores
sempre acabam pagando o pato, tenham ou não tenham culpa.
A psiquiatria nos ensino que muitos indivíduos
mentalmente perturbados apresentam risco de vitimização. É o caso por exemplo,
de pessoas com transtorno borderline de personalidade, que não aprendem com a
experiência e sempre acabam se envolvendo em confusão reiteradas. O transtorno
borderline freqüentemente se associa a características histéricas de chamar
atenção, teatralizar, vitimizar-se etc. Elencar a nosologia toda que predispõe
ao risco de manipular falsas acusações de microagressão exigira uma pesquisa
bemmais ampla e aprofudanda. Basta mencionar aqui os indivíduos com transtorno
antissocial de personalidade que podem se servir intencionalmente dessas falsas
acusações com o intuito de auferir
vantagens.
Mas é preciso cuidado aqui. Estou incorrendo no
risco de blame the victim. Identificar fatores de risco que tornem o individuo
mais vulnerável a microgressões reais ou fantasiadas é um delito politicamente
correto muito grave.Afinal, trata-se de categorias sociodemográficas sacrossantas,
cujo comportamento não pode ser jamais questionado. Resta aos normais pagar o
pato.
Quanto a gente pensa que está vivendo uma grande
novidade, lá pelas tantas aparecem evidências de que nada disso é novo. O
Theodore Dalrymple diz que é muito difícil inventar comportamentos novos.
Milhóes de indivíduos nos antecederam na Terra e eles já experimentaram de tudo
do ponto de vista comportamental. Com graus variados de sucesso. É interessante
que mesmo os compartamentos desadaptativos retornam eternamente. Certamente, há
alguma explicação evolucionária para isso.
Qual não foi a minha surpresa quando topei com o
ensaio do Bertrand Russell, datado de 1937, o qual reproduzo abaixo. Naquela
época o Bertrand Russel já havia sacado esse processo de sacralização da
vítima. Azar o meu. Como não me encaixo em nenhuma das categorias de vítimas
preferenciais, virei a escória da Humanidade.
Russell, B. (1937). The superior virtue of the
oppressed.
The Nation, June 26, pp. 731-732.
One of the persistent delusions of mankind is that some sections of the human
race are morally better or worse than others. This belief has many different
forms, none of which has any rational basis. It is natural to think well of
ourselves, and thence, if our mental processes are simple, of our sex, our
class, our nation, and our age. But among writers, especially moralists, a less
direct expression of self-esteem is common. They tend to think ill of their
neighbors and acquaintances, and therefore to think well of the Sections of
mankind to "which they themselves do not belong, Lao-tse admired the
"pure men of old," who lived before the advent of Confucian
sophistication. Tacitus and Madame de Stael admired the Germans because they
had no emperor. Locke thought well of the "intelligent American"
because he was not led astray by Cartesian sophistries.
A
rather curious form of this admiration for groups to which the admirer does not
belong is the belief in the superior virtue of the oppressed: subject nations,
the poor, women, and children. The eighteenth century, while conquering America
from the Indians, reducing the peasantry to the condition of pauper laborers,
and introducing the cruelties of early industrialism, loved to sentimentalize
about the "noble savage" and the "simple annals of the
poor." Virtue, it was said, was not to be found in courts: but court
ladies could almost secure it by masquerading as shepherdesses. And as for the
male sex:
Happy the man whose wish and care
A lew paternal acres bound.
Nevertheless,
for himself Pope preferred London and his villa at Twickenham.
At
the French Revolution the superior virtue of the poor became a party question,
and has remained so ever since. To reactionaries they became the
"rabble" or the "mob." The rich discovered, with surprise,
that some people were so poor as not to own even "a few paternal
acres." Liberals, however, still continued to idealize the rural poor,
while intellectual Socialists and Communists did the same for the urban
proletariat - a fashion to which, since it only became important in the
twentieth century, I shall return later.
Nationalism
introduced, in the nineteenth century, a substitute for the noble savage the
patriot of an oppressed nation. The Greeks until they had achieved liberation
from the Turks, the Hungarians until the Ausgleich of 1867, the Italians until
1870, and the Poles until after the 1914-18 war were regarded romantically as
gifted poetic races, too idealistic to succeed in this wicked world. The Irish
were regarded by the English as possessed of a special charm and mystical
insight until 1921, when it was found that the expense of continuing to oppress
them would be prohibitive. One by one these various nations rose to
independence, and were found to be just like everybody else; but the experience
of those already liberated did nothing to destroy the illusion as regards those
who were still struggling. English old ladies still sentimentalize about the
"wisdom of the East" and American intellectuals about the "earth
consciousness" of the Negro.
Women,
being the objects of the strongest emotions, have been viewed even more
irrationally than the poor or the subject nations. I am thinking not of what
poets have to say but of the sober opinions of men who imagine themselves
rational. The church had two opposite attitudes: on the one hand, woman was the
Temptress, who led monks and others into sin; on the other hand, she was
capable of saintliness to an almost greater degree than man. Theologically, the
two types were represented by Eve and the Virgin. In the nineteenth century the
temptress fell into the background; there were, of course, "bad"
women, but Victorian worthies, unlike St. Augustine and his successors, would
not admit that such sinners could tempt them, and did not like to acknowledge
their existence. A kind of combination of the Madonna and the lady of chivalry
was created as the ideal of the ordinary married woman. She was delicate and
dainty, she had a bloom which would be rubbed off by contact with the rough
world, she had ideals which might be dimmed by contact with wickedness; like
the Celts and the Slavs and the noble savage, but to an even greater degree,
she enjoyed a spiritual nature, which made her the superior of man but unfitted
her for business or politics or the control of her own fortune. This point of
view is still not entirely extinct. Not long ago, in reply to a speech I had
made in favor of equal pay for equal work, an English schoolmaster sent me a
pamphlet published by a schoolmasters' association, setting forth the opposite
opinion, which it supports with curious arguments. It says of woman: "We
gladly place her first as a spiritual force; we acknowledge and reverence her
as the 'angelic part of humanity'; we give her superiority in all the graces
and refinements we are capable of as human beings; we wish her to retain all
her winsome womanly ways." "This appeal" that women should be
content with lower rates of pay "goes forth from us to them," so we
are assured, "in no selfish spirit, but out of respect and devotion to our
mothers, wives, sisters, and daughters. . . . Our purpose is a sacred one, a
real spiritual crusade.
Fifty
or sixty years ago such language would have roused no comment except on the
part of a handful of feminists; now, since women have acquired the vote, it has
come to seem an anachronism. The belief in their "spiritual"
superiority was part and parcel of the determination to keep them inferior
economically and politically. When men were worsted in this battle, they had to
respect women, and therefore gave up offering them "reverence" as a
consolation for inferiority.
A
somewhat similar development has taken place in the adult view of children.
Children, like women, were theologically wicked, especially among evangelicals.
They were limbs of Satan, they were unregenerate; as Dr. Watts so admirably put
it:
One stroke of His almighty rod
Can send young sinners quick to Hell.
It
was necessary that they should be "saved." At Wesley's school "a
general conversion was once effected, . . one poor boy only excepted, who
unfortunately resisted the influence of the Holy Spirit, for which he was
severely flogged. . . ." But during the nineteenth century, when parental
authority, like that of kings and priests and husbands, felt itself threatened,
subtler methods of quelling insubordination came into vogue. Children were
"innocent"; like good women they had a "bloom"; they must
be protected from knowledge of evil lest their bloom should be lost. Moreover,
they had a special kind of wisdom. Wordsworth made this view popular among
English-speaking people. He first made it fashionable to credit children with
High instincts before which our mortal
nature
Did tremble like a guilty thing surprised.
No
one in the eighteenth century would have said to his little daughter, unless
she were dead:
Thou liest in Abraham's bosom all the year
And worships't at the temple's inner shrine.
But
in the nineteenth century this view became quite common; and respectable
members of the Episcopal church or even of the Catholic church shamelessly
ignored Original Sin to dally with the fashionable heresy that
.
. . trailing clouds of glory do we cone
From
God who is our home:
Heaven
lies about us in our infancy.
This
led to the usual development. It began to seem hardly right to spank a creature
that was lying in Abraham's bosom, or to use the rod rather than a high
instincts "to make it "tremble like a guilty thing surprised/' And so
parents and schoolmasters found that the pleasures they had derived from
inflicting chastisement were being curtailed and a theory of education grew up
which made it necessary to consider the child's welfare, and not only the
adult's convenience and sense of power. The only consolation the adults could
allow themselves was the invention of a new child psychology. Children, after
being limbs of Satan in traditional theology and mystically illuminated angels
in the minds of educational reformers, have reverted to being little devils not
theological demons inspired by the Evil One, but scientific Freudian
abominations inspired by the Unconscious. They are, it must be said, far more
wicked than they were in the diatribes of the monks; they display, in modern
textbooks, an ingenuity and persistence in sinful imaginings to which in the
past there was nothing comparable except St. Anthony. Is all this the objective
truth at last? Or is it merely an adult imaginative compensation for being no
longer allowed to wallop the little pests? Let the Freudians answer, each for
the others.
As
appears from the various instances that we have considered, the stage in which
superior virtue Is attributed to the oppressed is transient and unstable. It
begins only when the oppressors come to have a bad conscience, and this only
happens when their power is no longer secure. The idealizing of the victim is
useful for a time: if virtue is the greatest of goods, and if subjection makes
people virtuous, it is kind to refuse them power, since it would destroy their
virtue. If it is difficult for a rich man to enter the kingdom of heaven, it is
a noble act on his part to keep his wealth and so imperil his eternal bliss for
the benefit of his poorer brethren. It was a fine self-sacrifice on the part of
men to relieve women of the dirty work of politics. And so on. But sooner or
later the oppressed class will argue that its superior virtue is a reason in
favor of its having power, and the oppressors will find their own weapons
turned against them. When at last power has been equalized, it becomes apparent
to everybody that all the talk about superior virtue was nonsense, and that it
was quite unnecessary as a basis for the claim to equality.
In
regard to the Italians, the Hungarians, women, and children, we have ran
through the whole cycle. But we are still in the middle of it in the case which
is of the most importance at the present time namely, that of the proletariat.
Admiration of the proletariat is very modern. The eighteenth century, when it
praised "the poor," thought always of the rural poor. Jefferson's
democracy stopped short at the urban mob; he wished America to remain a country
of agriculturists. Admiration of the proletariat, like that of dams, power
stations, and airplanes, is part of the ideology of the machine age. Considered
in human terms, it has as little in its favor as belief in Celtic magic, the
Slav soul, women's intuition, and children's innocence. If it were indeed the case
that bad nourishment, little education, lack of air and sunshine, unhealthy
housing conditions, and overwork produce better people than are produced by
good nourishment, open air, adequate education and housing, and a reasonable
amount of leisure, the whole case for economic reconstruction would collapse,
and we could rejoice that such a large percentage of the population enjoys the
conditions that make for virtue. But obvious as this argument is, many
Socialist and Communist intellectuals consider it de rigueur to pretend to find
the proletariat more amiable than other people, while professing a desire to
abolish the conditions which, according to them, alone produce good human
beings. Children were idealized by Wordsworth and un-idealized by Freud. Marx
was the Wordsworth of the proletariat; its Freud is still to come.
Reproduzido de PHIL QUIN.
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