Essa é uma história antiga,.. de 2008. Mas permance mais atual do que nunca. Parece que
uma estudante de direito da UFRJ ganhou um concurso de redação da UNESCO com 50.000
participantes.
O tema da redação
era ‘Como vencer a pobreza e a desigualdade’ e o nome da moça é Clarice Zeitel
Vianna Silva. Parabéns para a Clarice. Fico feliz que ela tenha ido nos
representar lá na Europa e que mais uma vez essa se curvou perante o
brilhantismo brasileiro. Parabéns para a UNESCO, que reconheceu o mértido de
uma brasileira.
Abaixo reproduzo a
redação. Depois faço uns comentariozinhos maldosos.
PÁTRIA MADRASTA VIL
Clarice
Zeitel Vianna Silva
Onde já se
viu tanto excesso de falta? Abundância de inexistência… Exagero de escassez… Contraditórios??
Então aí está! O novo nome do nosso país! Não pode haver sinônimo melhor para
BRASIL.
Porque o
Brasil nada mais é do que o excesso de falta de caráter, aabundância de
inexistência de solidariedade, o exagero de escassez deresponsabilidade.
O Brasil
nada mais é do que uma combinação mal engendrada - e friamente sistematizada -
de contradições.
Há quem
diga que ‘dos filhos deste solo és mãe gentil.’, mas eu digo que não é gentil
e, muito menos, mãe. Pela definição que eu conheço de MÃE, o Brasil está
mais para madrasta vil.
A minha mãe
não ‘tapa o sol com a peneira’. Não me daria, por exemplo, um lugar na
universidade sem ter-me dado uma bela formação básica. E mesmo há 200 anos
atrás não me aboliria da escravidão se soubesse queme restaria a liberdade
apenas para morrer de fome. Porque a minha mãe não iria querer me enganar,
iludir. Ela me daria um verdadeiro Pacote que fosse efetivo na resolução do
problema, e que contivesse educação +liberdade + igualdade. Ela sabe que de
nada me adianta ter educação pela metade, ou tê-la aprisionada pela falta de
oportunidade, pela falta de escolha, acorrentada pela minha voz-nada-ativa. A
minha mãe sabe que eu só vou crescer se a minha educação gerar liberdade e
esta,por fim, igualdade. Uma segue a outra… Sem nenhuma contradição!
É disso que
o Brasil precisa: mudanças estruturais, revolucionárias,que quebrem esse
sistema-esquema social montado; mudanças que não sejam hipócritas, mudanças que
transformem!
A mudança
que nada muda é só mais uma contradição. Os governantes (às vezes) dão uns
peixinhos, mas não ensinam a pescar. E a educação libertadora entra aí. O povo
está tão paralisado pela ignorância quenão sabe a que tem direito. Não aprendeu
o que é ser cidadão.
Porém,
ainda nos falta um fator fundamental para o alcance da igualdade: nossa
participação efetiva; as mudanças dentro do corpo burocrático do Estado não
modificam a estrutura. As classes média ealta - tão confortavelmente situadas
na pirâmide social - terão quefazer mais do que reclamar (o que só serve mesmo
para aliviar nossa culpa)… Mas estão elas preparadas para isso?
Eu acredito
profundamente que só uma revolução estrutural, feita dedentro pra fora e que
não exclua nada nem ninguém de seus efeitos, possa acabar com a pobreza e
desigualdade no Brasil.
Afinal, de
que serve um governo que não administra? De que serve umamãe que não afaga? E,
finalmente, de que serve um Homem que não seposiciona?
Talvez o sentido de nossa própria existência esteja ligado, justamente,a um posicionamento perante o mundo como um todo. Sem egoísmo. Cada um por todos…
Algumas perguntas, quando auto-indagadas, se tornam elucidativas.Pergunte-se: quero ser pobre no Brasil? Filho de uma mãe gentil ou deuma madrasta vil? Ser tratado como cidadão ou excluído? Como gente… Ou como bicho?
COMENTÁRIOS MALDOSOS
Acho que a redação merecia mesmo
ganhar o primeiro prêmio da UNESCO. Em primeiro lugar porque esse texto coroa o
trabalho de décadas da UNESCO. A UNESCO é um organismo internacional que há
anos vem esculhambando com a educação no mundo. Aquilo lá é um cabide de
emprego para comunistas que foam banidos dos governos dos seus países pelas
eleições. Eles não fazem outra coisa que não seja programar e implantar uma
agenda marxista-cultural para a educação. E, é preciso adminitir, eles estão
tendo um sucesso enorme. Qual é a prova disso? Basta ver o título sugerido para
a redação. O título é totalmente enviesado do ponto de vista político. Cria um
frame sugerindo que a pobreza é causada pela desigualdade. E todos os panacas
saem por aí adoidados fazendo redações a partir dessa visão unilateral da
economia.
Em segundo lugar, a moça merece o
prêmio porque parece realmente ser um espécime representativo da geração criada
e ideologicamente cevada por mais de um década de petralhismo. O título da
redação da UNESCO é igual ao título das redações do ENEM. Será isso uma
coincidência? A moça só conseguiu vencer porque estudou para o ENEM, aprendeu o
modelito e até conseguiu entrar na UFRJ de tão boa que ficou no negócio. Não surpreende
que tenha abafado na UNESCO.
Além da questão da desigualdade como
causa da pobreza, o título enviesa a discussão no sentido de que parece exigir
um texto argumentativo no qual se apresente um problema, se faça um diagnóstico
e, finalmente, se apresente alguma tipo de solução, geralmente através de
alguma forma de intervenção estatal. O roteiro é por demais conhecido da
mentalidade socialista.
O que me surpreende, entretanto, é que
a moça tenha ganhado o concurso sem apresentar nenhum argumento. O texto dela é
todo impressionista, emocionalmente apelativo. Parece poesia de má qualidade.
Eu posso estar errado. Mas penso que o
título da redação exigia um texto argumentativo. Um argumento é uma estrutura
discursiva composta por uma ou mais premissas logicamente conectadas a uma ou
mais conseqüências. Quando se monta ou analisa um argumento é importante
considerar um referencial conceitual e factual prévio que imprima significado
ou veracidade às premissas, a conexão lógica entre as premissas e as
conseqüências, as condições limitantes à validade do argumento e os argumentos
contrários.
Ela não fez nada disso e ganhou o
primeiro prêmio. Lá pelas tantas a moça parte do pressuposto de que a liberdade
é uma condição antecedente e talvez necessária para a igualdade: “A minha mãe sabe que eu só vou crescer se a minha educação gerar
liberdade e esta,por fim, igualdade”. Parece jamais ter passado pela cabeça
dela que existe um argumento contrário, segundo o qual liberdade e igualdade
são valores contraditórios e que a igualdade somente se realiza às custasd a
liberdade... Belo exemplo de argumentação.
Acho que o prêmio foi mesmo merecido.
A moça e a UNESCO se merecem.
SERÁ QUE É VERDADE MESMO?
Ou então o negócio não passou de uma pegadinha. A linguagem é tão ruim, os erros tão grosseiros, o conteúdo tão estereoptipado que só pode ser uma brincadeira de péssimo gosto. Pode ter sido mais uma obra daquele famoso jurista o Dr. Tomás Turbando. Fui conferir o lance.
Infelizmente, não é piada não. Está tudo lá no site da UNESCO. Os caras publicaram um livro com as 100 melhores redações.
Depois disso, parece que a moça não apenas se formou, mas fez concurso público e virou promotora de jusiça. Talvez esteja soltando algum bandido por aí, que seja "vítima da sociedade". Deve estar tendo oportunidades diárias de colocar em prática seu ideário de "justiça social" esboçado na redação da UNESCO.
A internet não perdoa. Ela não tem rancor, mas guarda tudo. Tá tudo na internet. É só ter paciência de procuar.
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