CARE vs. HARM
Um dos principais motivos morais discutidos por Haidt (2012) é o de Care vs. Harm. Care pode ser traduzido por carinho, cuidado, afiliação. Eu gosto do termo do carinho. O Care se opõe ao harm, ou seja, dano, prejuízo ou malefício causado a outrem.
A partir do momento em que a espécie humana atingiu a supremacia ecológica, as pressões evolutivas passaram a ser intraespecíficas. Ou seja, na ausência de outras espécies rivais ou predadoras, a dinâmica evolucionária passou a se originar da própria dinâmica de cooperação e competição entre oa humanos. A interação social é possibilitada por mecanismos cognitivos evoluidos especificamente e que permitem a cooperação e a competição. A dinâmica da interação social geralmente assume a forma de cooperação intragrupo e competição intergrupos. Daí a importância dos mecanismos afiliativos que liguem os indivíduos à sua família, clâ etc. e os mecanism os agonísticos que permitam a suplantação de coalizões rivais.
A cooperação se fundamenta em mecanismos afiliativos implementados em vários níveis cerebrais. No nível mais básico, o metabolismo hipotalâmico da oxitocina e arginina-vasopressina regula a reprodução e os vínculos afetivos com familiares e companheiros.
Mas há um nível cortical de regulação também, envolvendo principalmente estruturas da superífie dorsomedial do córtex prefrontal, principalmente giro do cíngulo anterior e áreas paracingulares. O sistema cortical de afiliação subsidia processos psicológicos tais como a teoria da mente, a compaixão, a solidariedade, a comiseração, a dor empática etc.
Quando testemunhamos o sofrimento de alguém, sentimento pena e desejo de reparar o sofrimento de alguma maneira. Essa é a base moral-psicológica da caridade. Quando percebemos que o sofrimento é causado pela ação intencional ou descuido de terceiros, percebemos isso como uma violação do importante princípio moral do Carinho e sentimos raiva e necessidade de impedir a ação e puunir o perpetrador.
Segundo Haidt (2012) o motivo moral de Carinho é especialmente importante para as pessoas cujas posições políticas se situam no lado esquerdo do espectro. A cultura do vitismo identificada por Russel (1937) se assenta sobre esse fundamento moral. O vitimismo consiste em sacralizar o oprimido, a vítima, tornando-o imune a quaisquer tipos de crítica.
Referências
Haidt, J. (2012). The righteous minds. Why good people are divided by politics and religion. New York: Pantheon.
Russell, B. (1937). The superior virtue of the oppressed. The Nation, June 26, pp. 731-732.
VITIMIZAÇÃO COMO FARSA
A existência de um sistema moral ativado pela compaixão com as vítimas predispõe ao surgimento de uma cultura de vitismo e uso abusivo ou fradulento de acusações de agressões contra vítimas preferenciais. Os abusadores ou fraudadores podem apresentar transtornos de personalidade tais como psicopatia, narcissismo, histeria ou personalidade borderline.
Kistenmacher, T. (2017). Feminismo: Quando a sátira se confunde com a realidade.
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