domingo, 5 de março de 2017

O AMIGO DE FHC E O VELHO CHICO: HÁBITOS DIFÍCEIS DE EXTINGUIR

Tem uma piadinha boba que diz assim: Discutir com petistas é como jogar xadrez com pombas. Elas só viram as peças e fazem cocô no tabuleiro. É bem chulinha né! Mas tem um quê de verdade. Um dos fenômenos mais intrigantes é o fato de que os petistas não se entregam. Quanto mais patifarias dp Lula e do PT aparecem, mais eles se aferram à defesa dos seus ladrões favoritos. Arrumaram até 400 babões para assinar um manifesto em favor do Luladrão.

Vejam o que acontece. Um belo dia ficamos sabemos que o PT praticou abuso de poder econômico, comprando o PDT. Ou seja, suas práticas criminiosas, além de vultosas, eram generalizadas, sistemáticas, transformadas em estratégia de poder e governo. Aí no dia seguinte os jornais dão como manchete que políticos de outros partidos também fizeram caixa dois. Só que os valores de uns são estratosféricos e a corrupção era usada como estratégia para instituir um regime totalitário. Enquanto isso o valor do caixa dois dos outros fica parecendo mixurucagem, com a única finalidade de arrancar uns carguinhos e umas vantagenzinhas pessoais para continuar mamando nas tetas do estado.

E os petistas continuam se enchendo de razão. Não dão o braço a torcer. São os iluminados, aqueles que conhecem a verdade revelada e que salvarão o Brasil e a Humanidade. Quanto mais aparecem as patifarias, mais eles se aferram ao dogma partidário. Como entender isso?

A entrevista do Domenio de Masi*, um amigo de  FHC**, à Foice de São Paulo# é reveloadora da mentalidade. Foi a defesa intelectualmente mais honesta que eu já vi da roubalheira petista. Basicamente, o que o cara diz é que se destruirmos Lula, vamos roubar a voz do povo. Lula, Dilma e o PT eram mitos, que lutavam por um modelo de sociedade fundamentado nos valores populares. Se Lula e o PT forem varridos do cenário, já que a Dilma já virou carta fora do baralho, o sonho vai se esvair como fumaça. Como não tem outra saída para o sonho socialista, então é preciso ir fundo defendendo a corrupção e a imoralidade desavergonhada que se chama PT.




É impossível não notar uma certa condescendência no discurso de-Masiano. Uma condescendência típica dos europeus em relação aos selvagens. A atitude dos europeus em relação a nós brasileiro se divide basicamente em dois tipos de preconceitos. De um lado tem o preconceito negativo. Esses caras acham que somos selvagens mesmo, que não tem jeito. Que nunca vamos crescer, que nunca vamos nos civilizar.

Do outro lado tem o preconceito positivo, como aquele expressado por de Masi. Ou seja, nós brasileiros somos crianças mesmo, só pensamos com a barriga, nos deixamos iludir por populistas vendedores de sonhos socialistas e não temos um pingo de responsabilidade e capacidade de antecipar as conseqüências dos nossos comportamentos. Mas, apesar dessas deficiências, temos o nosso lado bom selvagem. Somos bonzinhos, acolhemos bem as pessoas, somos festivos e, principalmente, inclinados a adotar a utopia socialista que o racionalista europeu nos vendeu. Utopia essa da qual os povos ex-socialistas  não querem nem ouvir falar. O socialismo sobrevive apenas na América Latina. Onde os curumins querem continuar brincando sem se preocupar com o futuro. É condescendência positiva, como a de um pai benevolente que entende a imaturidade de um adolescente, mas não é menos preconceituosa.

Mas qual é mesmo esse sonho com o qual Lula nos engambelou e que o torna  supostamente inimputável? Aí dá pra contar outra piadinha infame.  Quas são os três maiores economistas do mundo? A resposta é: Milton Friedman porque ele falou que não tem almoço grátis, Margaret Thatcher porque ela disse que um dia o dinheiro dos outros acaba e Dilma Rousseff porque ela provou que é verdade o quê os dois anteriores falaram.

O sonho é usar o dinheiro dos outros para financiar a fantasia dos curumins de que sua miséria deriva apenas da ganância das elites malvadas e não dos graves problemas estruturais da nossa sociedade, incluindo a vulnerabilidade de uma população inculta às perversas maquinações dos populistas.

A coisa funciona assim. O Brasil é uma terra de fartura. Farta comida, farta trabalho, farta saúde, farta segurança e, principalmente, farta educação. A solução proposta então pelo PT foi um modelo de sociedade abrindo mão das elites, abrindo mão da democracia burguesa, da racionalidade econômica e da grande cultura em função da cultura popular. Abrindo mao da gestão e economia em função da utopia. Deu no que deu.

E deu no quê? Hoje mesmo ficamos sabendo no quê deu e no quê dará. Ficamos sabendo que após gastar nove bilhões na transposição do Rio SãoFrancisco agora serão necessários outros dez bilhões para tenter salvá-lo. O tal Velho Chico está ameaçado de secar.

Quando Lula propôs esse delírio da transposição do São Francisco todo mundo sabia que o negócio era uma loucura. Que não tinha fundamento técnico nenhum, que iria acabar em desperdício, desastre ou os dois. Que uma obra faraônica dessas só servia aos interesses da megalomania lulista e da corrupção. O bom senso indicava isso.

Um dos pressupostos da ecologia é que o ambiente constitui um sistema. Qualquer modificação maior tem um potencial enorme para causar estragos irreparáveis. Não se deveria mexer assim, sem mais nem menos, com o ecossistema. Os ecologistas sabem disso. O bom senso diz isso. Difícill dizer por quê a Marina Silva, que se mostrou tão fanática em defesa do meio ambiente em outras ocasiões, condescendeu com isso. Eu acho que é má-fé associada a pusilanimidade. Mas posso estar errado.

No que deu a transposição do Rio São Francisco? Primeiro ficamos sabendo que a obra parou pela metade e tomamos conhecimento da corrupção inaudita que ela promoveu. Hoje fomos oficialmente informados do desastre ecológico. Depois de perder o Rio Doce***, o Brasil vai perder também o São Francisco. È nisso que deu e dará.

E o que vai acontecer com os culpados, com os ungidos que tomaram essa decisão e com os corruptos que nos roubaram até? Nada. É sempre assim. Os iluminados socialistas e estatizantes tomam decisões por cujas conseqüências todos os outros pagam e nunca são chamados à responsabilidade. É a clássica situação na qual os benefícios foram privatizados e as perdas são socializadas.

Mas é pior do que isso. Os corruptos vão continuar lucrando mais ainda. Já foram gastos nove bilhões na pseudo-transposição. Agora serão gastos outros dez bilhões na pseudo-recuperação. Está escrito nas estrelas que essa obra não vai adiantar nada. Que o São Francisco está condenado e sem volta. Ou você acha que essa turma do Michel Temer, Renan Calheiros, Eunicio Oliveira, Eliseu Padilha, Geddel Vieira Lima, Romero Jucá, Jader Barbalho et caterva vai conseguir fazer outra coisa que não seja embolsar o nosso dinheiro?

Vamos perder dezenove bilhões e ficar sem rio enquanto poderíamos ter gastado essa quantia, ou quem sabe até menos, para preservar o nosso rio. Essa situação não vai mudar enquanto continuarmos nos comportando como crianças que não precisam encarar as conseqüências das suas decisões. Enquanto formos tolerantes com personagens com o Domenico de Masi, que afaga condescentemente a nossa cabecinha, com o Lula e outros tipinhos que nos vendem sonhos impossíveis ou com aquela quadrilha do PMDB, que não faz mas rouba. Ficamos sonhando com uma sociedade sem elite, sem alta cultura, na qual os desejos se realizam sem esforço enquanto os bandidos de esquerda e de direita ficam se locupletando.


Notas

* A entrevista é antiga, mas só tomei conhecimento dela agora.

** É interessante que a matéria foi reproduzida em um site lulista chamando o Domenico de Masi de amigo do FCH. Sintomático.

***  A morte do Rio Doce representa a falência do modelo socialista de FHC de agências reguladoras que não regulam nada.


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