A leitura de alguns comentários isentões no
FaceBook me lembrou do Conselheiro Acácio. Pareceu-me, que se o Conselhereiro
ainda fosse vivo, certamente seria politicamente correto. Fiquei com saudades do Conselheiro Acácio e
fui dar uma olhada no Google. Achei um artigo muito interessante de Ana Luisa
Vilela (2013).
O Conselheiro seguia obsequiosamente as três regras
fundamentais da cortesia mencionadas por Peter Burke: “[a] nunca exprimir, quer
por atos quer por palavras, nenhuma ofensa ou falta de respeito a quem quer que
seja; [b] nunca assumir quaisquer ofensas ou faltas de respeito de outras
pessoas, isto é, suportar todas as palavras ou atos que poderiam racionalmente
ser interpretados como ofensa ou falta de respeito; [c] estar pronto a efetuar
todos os bons ofícios e atos de bondade em relação aos outros” (cit. In Vilela,
2013, p. 68). Não é o retrato do isentão politicamente correto contemporâneo?
Mas a cortesia não precisa ser somente altruísta.
Ela tem sua dimensão egoísta também. Tal como a cortesia de Acácio, a correção
política contemporânea serve para distinguir os inteligentinhos da ralé
preconceituosa. Os inteligentinhos jamais expressam preconceito contra as
categorias que escolheram privilegiar. Jamais tripudiam, jamais se servem da
ironia ou sarcasmo. A não ser contra aquelas categorias não contempladas pelo
seu pensamento progressista. São os ungidos, os donos da verdade. Bem que nem o
Acácio, também não têm senso de humor. Fazem piada de si mesmos apenas
involuntariamente.
Uma diferença precisa, entretanto, ser sublinhada.
Enquanto o Conselheiro Acácio era feliz, os seus sucedâneos contemporâneos
adoram posar de vítimas enquanto gozam das benesses e da liberdade propiciadas
pelo Capitalismo e pelo Patriarcado.
REFERÊNCIA
Vilela, A. L. (2013). Cortesias acacianas: ironia e
boas maneiras. Navegações,6, 67-76 .
Nenhum comentário:
Postar um comentário