Fiz o ensino médio e a faculdade na época do regime
militar e participei das lutas pelas liberdades democráticas e eleições
diretas, as causas que moviam os jovens naquele tempo. É irônico então que eu
esteja correndo o risco de cometer crime de opinião, justamente por defender na
minha página pessoal do FaceBook os mesmos ideais pelos quais lutei na juventude.
Ou seja, o estado democrático de direito e o império da lei e da ordem. É crime
de opinão criticar professores que ficam manipulando alunos para que os mesmos
cometam crime de invasão de prédios públicos e criação de territórios sem lei
nem ordem, imunes ao poder de polícia e
ao monopólio da violência do estado?
Nos próximos dias nós vamos ficar sabendo se, após
a Era Petralha, realmente se criou essa nova categoria de ilícito, o crime de
opinião. Enquanto isso, nós ficamos assistindo professores dando aula de
guerrilha (http://www.ilisp.org/noticias/escola-invadida-tem-aulao-sobre-guerrilha-e-visita-de-deputado-federal-do-pt/)
e incentivando os jovens a invadirem as escolas e a impedirem o acesso de
professores, pais e polícia.
Essas invasões criam um “espaço revolucionário”, no
qual a lei e a ordem, o poder do estado não vale mais. Algumas conseqüências
não tardaram. Um jovem foi assassinado em Curitiba dentro de uma dessas
ocupações.
Aí vem uma meninha boba, teleguiada de partidos
políticos, que tem a petulância de dizer que os políticos do seu estado têm as
mãos sujas de sangue porque seriam responsáveis pela morte do colega invasor de
prédio público. E ela faz uma choradeira e comove o Pais da Telenovela e tudo
quanto é esquerdista com carteirinha ou não fica achando sua performance o
máximo. Também não demorou para que a farsa fosse desmontada (https://jornalivre.com/2016/10/29/filha-de-petista-que-fez-teatro-na-alep-e-desmascarada-em-video-viral/).
A geração dos ofendidinhos, com cheiro de leite
azedo e fralda suja de cocô, fica injuriada quando é chamada de teleguiada. Mas
não deixa de ser curioso que em dado momento, depois do impeachment legal e
constitucional da presidente mais incompetente do Brasil, depois do fim do regime
mais corrupto do Brasil, cerca de mil escolas e universidades sejam
simultaneamente ocupadas, usando as mesmas palavras de ordem e o mesmo modus
operandi, com o apoio dos mesmos professores-doutrinadores de sempre.
Estão sendo orquestrados por quem? Se não estão
sendo orquestrados por ninguém, então estamos frente a um fenômeno singular da
natureza. A criação de ordem espontânea?
Uma mudança de fase em um sistema complexo auto-organizado? Talvez a física dos
sistemas complexos possa nos ajudar a entender esse fenômeno singular. Ou então
podemos simplesmente somar dois e dois para ver que dá quatro e inferir que tem
alguém por trás dessa história.
A coisa só não está funcionando porque a Sociedade
Brasileira não fica mais impassível assistindo e apoiando implicitamente os
comportamentos criminosos dessa turminha. Eles vão lá, invadem uma escola, um
jovem é assassinado e a culpa é do estado, dos políticos, do sistema. Ora,
tenham a paciência. Eles criaram um espaço revolucionário, do qual os adultos e
o estado foram alijados, e não querem assumir a responsabilidade? E quem são os
professores, sindicatos e partidos que estão por trás dessa turma?
Pensando bem, talvez eles até tenham alguma razão.
No fundo, os pais e as autoridades são mesmo culpados pelo que está
acontecendo. São culpados porque são coniventes. Culpados porque deixaram essa
baderna se instalar e não tiveram a coragem de intervir com a polícia.
Aí nós entramos noutro capítulo. Polícia virou
anátema no Brasil. A partir do Regime Petralha parece que o Brasil acredita que
é possível construir e manter um país decente sem polícia? Falta de autoridade
policial é o que causou a morte do rapaz aquele lá em Curitiba. Se as
autoridades educacionais e a polícia estivessem lá, a probabilidade de ocorrência
de crimes, tais como uso de drogas e outros, diminuiria. Nesse sentido a
jovenzinha tem razão. Ainda que por linhas tortas. Os pais e as autoridades têm
sim as mãos sujas de sangue. Por conivência e leniência, no mínimo. Para não
falar dos professores que ficam brincando de grêmio estudantil e estimulando
essa patifaria.
Mas tem uma coisa boa nessa história toda. O
monopólio de opinião petralha quebrou-se. Uma das coisas mais legais que está
acontecendo no Brasil contemporâneo é o surgimento de uma opinião pública
democrática e de direta. Ser de direita não é crime. Ser de direita não
significa ser anti-democrata. Na Europa tem um monte de partidos de direita que
dão um banho de democracia. Uma das
primeiras coisas que eu aprendi quando fui viver na Europa por uns tempos é
isso. Ser de direita não é feio. Aqui no Brasil eu estava acostumada às
palavras de ordem de que a direita é fascista etc. Chegando lá, eu vi que tem
uma direita sim que é muito mais decente e democrática que todos os esquerdistas
que já tomaram o poder. Onde os esquerdistas tomaram o poder resultou sempre em
catástrofe econômica quando não genocídio mesmo. Só os regimes democráticos
capitalistas conseguem ser tolerantes até mesmo com as forças desagregadoras do
tecido social.
Na Grã-Bretanha tem uma tradição de pensamento
conservador que remonta a Edmundo Burke e que conta entre seus defensores
alguns dos maiores intelectuais contemporâneos. Pessoas como Roger Scruton, que
nos ajudam a pensar fora da ortodoxia esquerdista. Fico feliz de ver que no
Brasil está surgindo toda uma nova geração de jornalistas, cientistas sociais,
filósofos etc. que são influenciados pela pensamento conservador britânico. Ao
mesmo tempo em que alguns poucos intelectuais brasileiros de direita mais antigos
são redescobertos e tirados do limbo em que viviam.
Daí nós vamos para um assunto que é muito
interessante também. Trata-se da nova ortodoxia. A ortodoxia contemporânea, da
Era Petralha e Pós-Petralha é formada pelos chamados “pensadores” da nova
esquerda, tais como Lacan, Foucault, Derrida, Horkheimer, Adorno, Marcuse etc.
Eu li essa turma toda lá na minha juventude. Felizmente já tinha esquecido tudo
o que tinha lido. Fui salvo pelo Roger Scruton, com o seu excelente livro sobre
os “pensadores” da nova esquerda (http://www.livrariacultura.com.br/p/pensadores-da-nova-esquerda-42749336).
O Scruton me poupou o trabalho de ter que reler essa turma toda. Ai que
preguiça! Em algumas centenas de páginas pude refrescar a minha memória no
Scruton e constatar que eles não estão com nada.
Que evidências eu tenho de que essa nova ortodoxia
existe? Basta olhar o ENEM. Um dos meus filhos errou uma questão num dos tantos
ENEMs que ele fez na sua vida porque não conhecia o Michel Foucault. Quando ele
me mostrou a pergunta e disse qual tinha sido sua escolha, eu gelei. Ele errou
redondamente. Só porque ele tinha passado a quilômetros de distância do Michel
Foucault. Eu pensei assim: “Mas como é que ele não sabe isso? Será que é alguma
falha na educação que eu lhe proporcionei? Ou será que é uma benção que ele
tenha conseguido chegar ao ENEM incólume, inconspurcado?”
Na época dos vários ENEMs que fizeram, meus filhos
brincavam assim: “É muito fácil você acertar no ENEM. Basta você analisar qual é a resposta mais comunista”.
E não é que funcionava na maioria das vezes? Tanto que eles conseguiram entrar
na universidade federal. Essa é a nova ortodoxia. Nâo deixa de ser irônico para
alguém que leu esses autores da nova esquerda na sua mocidade testemunhar o
processo pelo qual eles se transformaram em dogma e transformaram em crime de
opinião o pensamento divergente.
Mas isso tudo está mudando. O monopólio de opinão
está esmoronando. Cada vez mais pessoas de bem ganham coragem e se insurgem
contra o novo dogma, contra a novilíngua. Talvez eu ainda venha a ser rifado
por crime de opinião. Mas o encanto da esquerdopatia se quebrou. E isso ficará
cada vez mais óbvio na medida em que eu venha a sofrer qualquer conseqüência
pelos meus delitos de opinião. Será que é crime de opinão afirmar que todas as
autoridades educacionais, universitárias, da justiça e da segurança pública
etc. são responsáveis por conveniência com o que está acontecendo nessas ditas
ocupações? E os que não são apenas coniventes mas que estão estimulando as
invasões, como qualifica-los? Nós, brasileiros, estamos de acordo com isso?
Expressei, democraticamente, minhas opiniões
contrárias às invasões de escolas e universidades, as quais são, ainda que
veladamente, apoiadas por professores.
Não mencionei o nome de nenhuma instituição nem de ninguém.
Fui acusado, nominalmente, de ser “fascista”. Estou
ofendido.
(Novembro de 2016)
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