Peço desculpas se insisto em
falar sobre as invasões de faculdades, agora acrescidas de greve dos
professores. É a minha monomania desde que fui alijado aos confins da minha
casa.Todos estão mais ligados na crise de legitimidade dos Poderes da
República, que não são mais reconhecidos pelo povo.
Acontece que eu identifico uma
cadeia causal bem nítida, que começa lá em cima nos altos poderes e vem
descendo para o terreiro da sociedade. Essa história começou há 14 anos com o
achincalhe institucional promovido pelo Lula e aperfeiçoado pela Janete. Nisso
ela superou o mestre.
A compra de parlamentares e o
aparelhamento do Judiciário só fizeram com que a sujeira se dissemnasse e,
gradualmente, respingasse para os escalões sociais inferiores. Estamos sendo
todos jogados na sarjeta moral da falta de legitimidade, falta de lei, de
ordem, falta de vergonha cara. O terreiro virou um barreiro. Se a lei não vale
lá em cima, não vale aqui na sarjeta também.
E não vale literalmente, O
movimento invasivo de universidades, que já avança pelo seu segundo mês adentro
é um exemplo cabal. As autoridades universitárias e o Ministério Público
resolveram não fazer nada. Oficialmente para não "criminalizar" a
rapaziada. "Querem invadir e ocupar? Sintanm-se à vontade. Querem rficar
transando, fumando maconha e brincando DE cirandinha? Tudo bem, vocês receberão
nota pelos 'temas transversais'. Afinal, invadir prédio público e cerecear o
direito alheio é uma experiência formativa essencial para o jovem universitário
brasileiro". Que fofo, os barbudinhos chapados de mãozinhas dadas,
brincado de rodinha ou exercitando seus dotes de recortar cartolina!
E nessa toada nós vamos.
Infelizmente, nem os jovens, nem as autoridades dos diversos escalões parecem
se dar conta do mal que fazem ao País e a si próprios. Vou discutir apenas o
caso das invasões de faculdade e a greve.
As universidades custam caro. Os
pagadores de impostos estão cansados. Qualquer governo que tentar aumentar
impostos vai quebrar a cara. Os brasileiros pagam impostos europeus e recebem
serviços africanos. A economia está asfixiada pelos impostos e juros altos. E
sempre aparece algum cretino querendo aumentar a despesa pública e, conseqüentemente,
os impostos.
Como as universidades custam
caro, elas estão na berlinda. Qual é a justificativa para a manutenção de um
sistema tão caro quanto os super-salários dos juízes e procuradores da
República? A justificativa oficial é a função estratégica das universidades
federais. O País precisa de ciência e tecnologia. Como as empresas e as
faculdades privadas não investem em pesquisa, o Governo precisou assumir essas
funções.
Mas, será que a lógica não
precisa ser invertida? Ou seja, como existe esse sistema federal, perdulário e
com baixa relação benefício/custo, então a iniciativa privada não precisa se
preocupar em fazer pesquisa. Criou-se uma situação na qual o pagador de
impostos financia as pesquisas cujos resultados beneficiam as empresas. Mais
uma instanciação do capitalismo de compadrio brasileiro. Os custos da pesquisa
são socializados e os benefícios privatizados. E o que dá mais nojo é que são
usados argumentos “igualitários” para justificar a patifaria.
Esse pessoal que invade faculdade
e/ou que faz greve não percebe isso. É uma turma que vive em uma torre de
marfim, embevecida com sua falta de preconceitos e com suas utopias de
melhoramento do mundo. Estão fora da casinha. Não entendem que se formou uma
opinião pública no Brasil e que essa opinião pública está questionando tudo.
Está avaliando o que recebe em troca pelos impostos que paga.
É cada vez mais influente no
Brasil o conceito de estado mínimo. O estado deve se restringir às funções
essenciais, tais como segurança, justiça, saúde, educação etc. O problema é o
tamanho desse etc. O pagador de impostos só está disposto a pagar por serviços
essenciais. O resto deve ficar por conta da iniciativa privada.
Aí é que se coloca a questão: As
universidades federais são um serviço essencial? Poderiam ser, se de fato
cumprissem sua missão com qualidade e responsabilidade. Infelizmente, a julgar
pelas greves recorrentes e pelas invasões não é isso que ocorre. Todos os anos
as universidades entram em greve e ficam um ou dois meses paradas e não
acontece nada. A novidade agora são os prédios invadidos, aulas, pesquisas e
prestações de serviços paralisadas. E não acontece nada. Mas se não acontece
nada, então para quê a Universidade?
Se essa onda de invasões e greves
continuar, o pagador de impostos vai começar a desconfiar que está financiando
uma farra desnecessária, um serviço irrelevante, cuja interrupção não faz a
menor falta
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