terça-feira, 17 de janeiro de 2017

VILLA NO RODA: Notícia boa e notícia ruim



Acho que a metade do Brasil que não é petista -  bem como a metade que é petista - assistiu à entrevista do Marco Antônio Villa no Roda Viva. Ao menos uma das metades sabe pensar.



Tenho amigos da área de ciências humanas que torcem o nariz para o Villa. Dizem que suas credenciais acadêmicas não são impecáveis. Não tenho condições de julgar isso. O que posso dizer é que sempre é um prazer ouvir o Villa falar. O cara é inteligentíssimo, sabe tudo quanto é informação na ponta da língua, tem verve, além de ser corajoso e  provocador.  O que ele fala faz muito sentido pra mim. 

Como acredito que a maioria das pessoas assistiu ao programa, ou justamente por causa disso, só vou comentar duas coisas. Eu tirei duas take home messages. Uma boa e outra ruim


A LAVA-JATO MUDOU O BRASIL E NÃO TEM VOLTA

A notícia boa é que a Lava-Jato mudou o Brasil de tal forma, que não tem mais volta. Nâo importa mais o quê os políticos tentem fazer. A safadeza vai acabar no Brasil, ao menos nessa dimensão atacadista em que está acontecendo. Os Três Poderes ainda não perceberam isso. Mas, qualquer tentativa de pizza vai resultar em manifestações monstruosas da população. Nós aprendemos o caminho da democracia e gostamos dele. Espero que o Villa tenha razão nesse ponto.


A UNIVERSIDADE SE DIVORCIOU DA SOCIEDADE

No Brasil, a universidade sempre teve um papel de caixa de ressonância dos anseios da sociedade. Vimos isso na luta pela democracia, pela anistia, pelas diretas já etc. Agora a universidade resolveu seguir um caminho diverso daquele da sociedade. Os caras da academia estão completamente fora da real. Estão brincando de centro acadêmico, lutando contra uma ditadura que acabou há quase quarenta anos. Enquanto isso a sociedade está a fim de democracia, educação, saúde e segurança. 

Só que a democracia que a sociedade quer é distinta daquela que os iluminados da academia preconizam. A sociedade quer democracia de verdade, democracia liberal-burguesa. Aquela que, segundo o Churchill, é o pior de todos os regimes com exceção de todos os outros. Já os acadêmicos anseiam pela democracia dos sovietes. Estão totalmente fora da casinha. 

A autonomia  é um dos pilares da universidade de pesquisa ou universidade humboldtiana, o modelo que constituiu as universidades contemporâneas e que fundamentou o progresso científico-tecnológico dos dois últimos séculos. A universidade deve ter autonomia no sentido de ser livre de interferência da religião, do estado, das ideologias políticas e dos interesses financeiros. O acadêmico precisa ter liberdade para se dedicar às atividades de pesquisa básica sem pensar na sua aplicabilidade direta, sem sofrer pressões ideológicas etc. A universidade deve ser uma torre de marfim. Mas uma boa torre de marfim, uma torre de marfim no bom sentido.

Só que, a médio e longo prazo, a universidade precisa prestar contas para a sociedade. São os pagadores de impostos que sustentam a universidade e eles não querem ver seus recursos desperdiçados com pseudopesquisa e ativismo político de extrema esquerda. A universidade perdeu totalmente a mão. Está mais interessada em transformar a realidade segundo uma agenda política totalitária do que na busca da verdade. Parece piada né. Os acadêmicos se arvoram em reformadores do mundo. Parece que não têm espelho em casa. Ora, vão se catar. Vão fazer o serviço para o qual são pagos com o dinheiro suado dos impostos.

Acho que nessa questão do divórcio entre a universidade e a sociedade, infelizmente, o Villa também tem razão. Essa é a notícia ruim. É preocupante e frustrante para quem acreditou na universidade e dedicou sua vida a ela. Dá para entender por quê cada vez mais jovens brilhantes procuram seu caminho fora da univesidade. A universidade perdeu o rumo.

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