quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

AUTO-ESTIMA VERSUS CONHECIMENTO, OU AMBOS?

Roger Scruton faz uma crítica muito interessante da pedagogia contemporânea (vide tradução aqui e original aqui). Segundo ele, a pedagogia foi seq%uestrada pela idéia de que o objetivo primordial da educação é promover o desenvolvimento das crianças, seu bem-estar, sua auto-realização. 


 
Nada de errado com esse objetivo. Isso é o que todos nós pais queremos para os nossos filhos. Mas será que esse não é um objetivo grandioso demais para o estado ou qualquer outro provedor de ensino universal? O estado não dá conta nem de garantir a segurança do cidadão. Vai dar conta de promover seu desenvolvimento? 

Na ânsia de promover o desenvolvimento de todas as crianças a educação está descuidando do conhecimento. /Como muitas crianças têm dificuldade para adquirir conhecimento e como a formação de muitas professoras é deficiente, ocorre um nivelamento por baixo. O nível de exigência é progresssivamente reduzido. As diferenças individuais são ignoradas em nome do igualitarismo. Hà mito blá blá blá sobre currículo individualizado. Mas a escola fracassa em customizar o ensino tanto para os alunos mais quanto menos dotados. Todo mundo recebe a mesma ração rala. Isso leva a uma negligência em relação à conservação, expansão do conhecimento acumulado pela nossa civilização. 

Costuma-se dizer que a educação não deve ser reduzida à mera transmissão de conhecimento. Mas que educação é essa que não consegue nem transmitir conheccimento? Que dirá preservá-lo e expandi-lo. Costuma-se fazer uma distinção entre educação e ensino. A educação é missão da família. O ensino é o métier da escola. A educação está acima daquilo que a escola consegue. Na ânsia de perseguir uma quimera romântica, a escola tem negligenciado o ensino. Como a capacidade intelectual se distribui de forma gaussiana na população, alguns conseguem adquirir conhecimento com mais e outros com menos facilidade. 

A grande sacada do Scruton é que o conhecimento é importante para todos. Mesmo, e talvez principalmente, para aqueles que têm dificuldades em adquirí-lo. Uma das coisas que me atrai na neuropsicologia escolar é a preocupação não apenas em promover o desenvolvimento humano, mas também a aquisição de conhecimento por crianças e jovens com dificuldades de aprendizagem. A obsessão com a educação e a negligência do ensino está levando a um fracasso de ambos.

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