domingo, 4 de dezembro de 2016

O QUE ESTÃO FAZENDO, O QUE EU FIZ E O QUE EU NÃO FIZ



Estou sendo vítima de uma campanha difamatória, insultuosa, um verdadeiro assédio moral ou assassinato de reputações por parte de um grupo de jovens “estudantes” (alguns mais inocentes do que úteis e outros mais úteis do que inocentes) e “colegas” pouco escrupolosos. Isso não é novidade nenhuma.

Gostaria também de agradecer do fundo do meu coração ao apoio e ao carinho que tenho recebido de alunos, colegas de verdade, ex-alunos, familiares, amigos e pacientes. Em especial, gostaria de agradecer às pessoas que não concordam com as minhas idéias políticas, mas que se manifestaram corajosa e publicamente em defesa do meu direito à liberdade de expressão. Essas pessoas estão correndo o risco de virarem alvo dos mesmos insultos a que eu estou sendo submetido.

Percebi que algumas pessoas que me apoiaram a e a quem muito prezo demonstraram alguma dúvida sobre o quê realmenente teria acontecido. Afinal, dá uma trabalheira ler a lista de impropérios da qual eu fui alvo e os textos que as eliciaram. Resolvi então, contar a história, na minha perspectiva.


O QUE ESTÃO FAZENDO

Eu me insurgi contra o que certos jovens estudantes, manipulados por alguns professores e grupos políticos de extrema esquerda estão fazendo. Para compreender o que estão fazendo, é preciso voltar um pouco atrás no tempo.

Quando a Constituição de 1988 foi promulgada, o PT e seus aliados recusaram-se a assiná-la. Parecia que ela não era boa que chegasse pra eleas. Agora eles saem por aí, arrotando em nome da “Constituição Cidadã”.

Quando o Brasil estava no atoleiro maior da inflação e da Década Perdida, foi salvo pelo Plano Real. Em sessenta anos de vida, o Plano Real foi a melhor coisa que eu vi acontecer na política brasieira. Não é que o PT e seus aliados se posicionaram contra? Fizeram o Diabo. Fizeram tudo que podiam e não podiam fazer para sabotar o Plano Real. Apesar deles, o Brasil saiu do atoleiro.

Depois veio o Boom das Commodities. O Boom das Commodities associado aos resultados do Plano Real disfarçou a incompetência do Lula, do PT e dos aliados. Parecia que o Brasil iria, finalmente, desencalhar. Só que, algum pseudoecnomista resolveu achar que o desenvolvimento econômico poderia ser estimulado pelo consumo e não pela poupança.

Ledo engano, o Boom das Commodities se esfarelou com a Crise de 2008 e a “Nova Matriz Econômica” da Dilma, aliada à gastança desenfreada para sustentar a corrupção e tudo quanto é tipo de benesse social fornecida sem critério e sem cobertura orçamentária, voltou a afundar o Brasil. Era apenas um nome pomposo para um nonsense econômico. O buraco foi ficando cada vez mais fundo.

Quando estávamos no fundo do poço, a população brasileira foi às ruas, se rebelou e derrubou a Dilma e o PT. Isso foi feito do modo mais ordeiro e pacífico, da maneira mais democrática. Uma coisa linda de ver. Sem qualquer tipo de violência. A população confraternizando com a polícia, que ali estava para defendê-la de possíveis baderneiros.

Agora nós estamos vivendo o Pós-impeachment. Eu não votaria no Michel Temer jamais. Quem votou nele foram os simpatizantes da Dilma. Mas ele é a bola da vez. É o cara que está tentando administrar os remédios amargos para, mais uma vez, tirar o Brasil do buraco.

E o que o PT e os seus aliados estão fazendo? Aquilo que eles melhor sabem fazer, ou melhor dito, a única coisa que eles sabem fazer bem: sabotar o governo.

Uma série de invasões de escolas e universidades estão ocorrendo. Orquestradas por partidos políticos de extrema esquerda. Essas invasões são feitas às custas da manipulação de jovens que não têm a menor idéia do que estão fazendo. Partidos e pessoas inescrupulosas estão manipulando os sentimentos de revolta difusa desses jovens. No caso de muitos desses jovens, trata-se de comportamentos narcisistas, de quem está interessado apenas no seu umbigo e não demonstra a menor consideração pelo pagador de impostos que lhe possibilita ter acesso a uma educação da melhor qualidade, como acontece nas universidades federais.

A maioria dessas invasões ocorre sob a complacência das autoridades. É compreensível que as autoridades relutem em ordenar a reintegração de posse. Afinal, esses caras estão sempre à cata do sangue de alguma vítima que possam exibir na mídia para sabotar mais ainda o governo e as instituições.

Em alguns casos, entretanto, há evidências preocupantes de docentes, quer seja do ensino médio ou universitário, que não estão sendo apenas complacentes. Muitos professores estão estimulando, ainda que de forma sub-reptícia, as invasões. E de diversas maneiras. Dão instruções e treinam os invasores do ponto de vista tático e estratégico, recolhem dinheiro, se manifestam publicamente em apoio às invasões e hostilizam de forma mais vil os colegas docentes que se opõem a esse movimento orquestrado.

Na minha opinião o que esse pessoal está fazendo é muito complicado do ponto de vista moral e jurídico. As invasões constituem esbulho possessório e interferem com o direito de ir e vir, com o dever dos servidores públicos exercerem as funções para as quais são pagos, com o direito dos estudantes estudarem e, em muitos casos, pacientes serem atendidos por profissionais de saúde. As violações se utilizam de violência implícita. O que aconteceria, se alguém a elas se opusesse? E assim constituem uma forma de constrangimento ilegal.

Mais grave, talvez seja o fato de que o esbulho possessório causado pelas invasões cria um espaço – um “espaço revolucionário” – que se subtrai à vigência da ordem constitucional. Isso é gravíssimo. Esses invasores não têm autoridade, nem moral nem legal, nem maturidade psicológica para garantir a ordem pública e para zelar pelo patrimônio público. A criação de espaços que se subtraiam à ordem constitucional é muito grave e não pode ser tolerada pelo estado.

A narrativa que apresentei acima é pessoal. Posso estar errado em muitos pontos. Mas é a minha opinião, baseada nos fatos tais como vivenciados porm, logicamente articulada e fundamentada na análise que faço.



O QUE EU FIZ

Tudo o que narrei acima me revoltou muito. Principalmente quando fui dar aula no dia 26 de outubro dee 2016 e tive o acesso barrado à sala de aula por um grupo de estudantes insolentes que se transvestiram em autoridade. Eu reagi de forma veemente e os critiquei, bem como aos professores que os apóiam.

Fui debochado? Fui sim. O humor, a ironia e o escárnio são as únicas ferramentas que restam àqueles que estão tendo seus direitos violados. Falei diversas coisas. Não me lembro bem de todas. Se faltar algum, por favor, me ajudem a lembrar. Entre outras coisas, disse mais ou menos o seguinte:

1.       Esses invasores são um bando de malucos, fora da casinha, desesperados porque suas táticas de protesto não funcionam mais. Estão recorrendo então à sabotagem. Só estão invadindo prédios públicos e constrangendo as pessoas porque não têm apoio na população e não conseguem juntar milhões de pessoas para apoiar pacificamente sua “causa”;
2.       Os jovens e os professores que os apóiam são esquerdopatas. Isto é, psicopatas esquerdistas que promovem sua agenda política sem dó nem piedade, sem consideração pelos direitos e sentimentos alheios. A esquerda sempre se caracterizou por uma alta predisposição para aceitar o “dano colateral”. As invasões que atualmente ocorrem constituem mais uma manifestação de uma nova categoria jurídica, inventada na Era Petralha, o “crime do bem”;
3.       Os professores que apóiam e estimulam esses crimes estão brincando de centro acadêmico. Parecem estar com saudades de outras épocas. Outras épocas  que eu também vivi, outras épocas nas quais tínhamos motivos para lutar pelas liberdades democráticas e pelo estado de direito. Mas eu, ao menos, nunca cometi nenhuma ilegalidade na minha luta pela democracia. E agora vivemos num estado de direito. Imperfeito, é certo. Mas cabe a nós aperfeiçoá-lo;
4.       Gravei tudo o que aconteceu e falei que poderia mostrar às autoridades o que estava acontecendo, principalmente ao Ministério Público Federal.

Acho que essas são as coisas principais que eu falei. Deve ter um monte de outras coisas que dasagradou a essa gente. Mas, nada demais. Apenas coisas das quais eles não gostam. Como a carapuça lhes serve e como isso promove sua agenda vitimista e saem por aí ofednendo, difamando, insultando, assediando moralmente e assassinando a minha reputação. Só ficar fazendo mimimi não satisfaz a essa gente.


O QUE EU NÃO FIZ

Estou cada vez mais convencido de que não cometi nenhum ilícito:

1.       Não citei ou acusei ninguém, nem nenhuma instituição nominalmente. Não falei em nome de ninguém, de nenhuma instituição, de nenhum “coletivo”. Apenas expressei minha opinião pessoal, na minha página pessoal do FaceBook. Nâo usei o brasão de nenhuma instituição, nada, nada;

2.       Também não agredi ninguém fisicamente, não gritei, não perdi o controle, não xinguei com palavrões. Fui veemente, contundente, como costumo ser na defesa dos meus pontos de vista. Mas não saí dos limites objetivos da civilidade;

3.       Não debochei dos alunos de um modo geral. Nâo debochei dos professores de um modo geral. E, muito menos, não debochei da instituição onde trabalho e da qual muito me orgulho. Debochei sim, de maus alunos e de maus professores que estão se comportando de uma forma que eu julgo gravemente condenável e, portanto, inaceitável.



CONCLUSÃO

Em suma, durante todo o tempo, meu comportamento foi regido pelas normas da legalidade. Desagradei a muita gente. Mas não infringi o ordenamento legal.

Tudo o que fiz e disse no dia 26 de outubro de 2016 às 16:30 está registrado em vídeo. Nâo pretendo divulgar esses vídeos publicamente. Mas eles são um registro do que aconteceu. Tudo o que escrevin o FaceBook e o que foi dito contra mim também está registrado na internet. Tenho também depoimentos de pessoas que presenciaram os acontecimentos. Agora é tarde demais, não tem mais como apagar os rastros.

Lamento, sinceramente, que tudo isso tenha acontecido. Fico vendo que colegas, amigos, alunos, familiares estão estressados. Sinto muito e a eles peço desculpas. Eu sabia que iria ter alguma reação. Mas não imaginava que a baixeza pudesse chegar ao nível da ofensa pessoal, da difamação, do insulto, do assédio moral e assassinato de reputações. De qualquer forma, não posso deixar de me sentir culpado por estar estressando a tanta gente que gosta de mim.

Isso mostra que os efeitos colaterais da ação política podem ser imprevisíveis e podem causar sofrimento a muita gente. Não sei dizer se está valendo a pena ou não. Provavelmente eu faria tudo de novo. Tentaria ser menos debochado para dar menos pretexto. Mas acho que não iria fazer muita diferença não. Esse pessoal está atrás de sangue.

Qual é o saldo positivo dessa história toda. Acho que consegui desmascarar a impostura intelectual da esquerda. Na realidade tal como ela é. Esse pessoal de esquerda fica falando o temo todo em “diversidade”, “alteridade”, “subjetividade” etc. e tal. Mas eles não conseguem conviver com a diversidade política e religiosa (e olhe que eu nem falei sobre religião ainda). Quem não pensar da mesma forma que eles é imediatamente perseguido. Se pudessem mandavam para o Gulag.

Para encerrar com uma nota positiva, externo minha admiração e reconhecimento pelas centenas de alunos para cuja formação neuropsicológica contribuí, bem como para os colegas e as instituições, tais como o Departamento de Psicologia e a UFMG, que me permitiram, ao longo de mais de vinte anos, realizar meu sonho profissional.

Admiro muito os alunos, colegas e pacientes que compartilham o sonho de desenvolver a neuropsicologia no Brasil. Pessoas que acreditam que a neuropsicológica, além de ser um instrumento de investigação, é uma ferramenta para a promoção do desenvolvimento humano.

Levei anos para chegar onde estou. Para montar uma estrutura de pesquisa e atendimento. Que permite gerar conhecimento e ajudar as pessoas. Além dos compromissos com alunos, colegas e pacientes, tenho compromisso com entidades públicas que financiam meus projetos e a quem devo satisfações. Você não ficaria revoltado se estivesse trabalhando embalado, se realizando e ajudando as pessoas, e fosse coagido a interromper suas atividades em nome de uma causa que você acha errada e atrasada?

(Novembro de 2016)

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