domingo, 4 de dezembro de 2016

HOMENAGEM AO FERREIRA GULLAR

Ferreira Gullar morreu hoje aos 86 anos de idade. Essa é a sua última coluna publicada.

O Ferreira Gullar é uma pessoa que eu fui aprendendo a admirar com o tempo. Eu nunca gostei da poesia dele. Mas fiquei fã do seu colunismo político. Assim como o Gabeira, o Gullar evoluiu de comunista para crítico lúcido da esquerda e do PT. Eu adorava ler suas coluans e vou sentir falta delas.

Além dos argumentos, as críticas do Gullar tinham especial valor pelo fato de que ele conheceu os dois lados. Era um insider que passou de uma banda para outra. Coisa que a Janete não fez. Acho que ele continuava de esquerda. Mas de um outro tipo de esquerda. E não essa esquerda criminosa que nos assola há 14 anos.

Senti um carinho especial pelo Gullar quando ele escreveu, há alguns anos atrás, sobre a sua aflição como pai de um rapaz esquizofrênico. Foi muito corajoso, abrindo o jogo e contando de maneira honesta, brutal, os sofrimentos relacionados à doença. Isso é muito importante numa época em que grupos obscurantistas tentam fazer de conta de que a esquizfrenia não é uma doença gravíssima, que impõe sofrimentos atrozes aos afetados e suas famílias. O Gullar deu umas boas lambadas nessa turma que fica embelezando a doença, sem a menor consideração pelos pacientes e suas famílias.



Tem outra coisa. Do ponto de vista físico, com sua carantonha emoldurada pelos longos cabelos brancos e escorrido, o Gullar era uma figura portentosa.

Marcou seu lugar e vai deixar saudades.

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